O ministro Edson Fachin rebateu as interpretações feitas sobre sua palestra no Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) de que estaria mandando um recado para o juiz Sérgio Moro e deixando dúvidas sobre a operação Lava-Jato.
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Durante almoço num restaurante de Coqueiros, em Florianópolis, com os dirigentes do judiciário catarinense, o ministro foi explícito e reafirmou claramente todo apoio à operação Lava-Jato. Da mesma forma, hipotecou solidariedade ao juiz Sérgio Moro, atual ministro da Justiça e Segurança Pública.
Com estas manifestações contundentes, testemunhadas pelo presidente do Tribunal de Justiça, Rodrigo Collaço, e vários desembargadores, Edson Fachin neutralizou leituras feitas após sua palestra de que ao defender a independência dos juízes estaria mandando recado para Sérgio Moro.
A tese de que “juiz não investiga, nem acusa; juiz não assume protagonismo retórico da acusação nem da defesa” foi feita no contexto de sua exposição em defesa da Constituição Federal e das instituições, tema central de sua exposição.
O ministro também fez várias considerações considerando como positivas as decisões e atividades do juiz Sérgio Moro nos julgamentos da Lava-Jato.
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Na mesma reunião, o juiz catarinense Paulo Farias, assessor do falecido ministro Teori Zavascki, e atual assessor do ministro Edson Fachin, também rebateu as apressadas interpretações sobre a palestra em Florianópolis. Enfatizou que tem viajado pelo Brasil reiterando a posição do ministro Fachin totalmente favorável a Lava-Jato.
Advogado confirma
O advogado Glei Sagaz, com décadas de atuação no judiciário catarinense e nos tribunais superiores em Brasília, atento observador dos julgamentos no Supremo Tribunal Federal, também contestou as leituras sobre o suposto recado do ministro. Disse que, ao contrário, Edson Fachin tem julgados, decisões e manifestações as mais contundentes e reiteradas a favor da Lava-Jato.
— O recado tinha endereço para os ministros Gilmar Mendes, que sempre combateu a Lava-Jato e o juiz Sérgio Moro, e os ministros Ricardo Levandowski e Dias Tófoli. Na segunda turma do STF ninguém tem dúvidas — afirmou Sagaz.
E prosseguiu:
— O juiz Sérgio Moro jamais falou sobre as ações criminais em julgamento em Curitiba, ao contrário do ministro Gilmar Mendes, do STF, que costuma emitir opiniões com frequência sobre processos. Ele não é apenas suspeito, como está impedido de participar de julgamentos da Lava Jato.
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Gley Sagaz elogiou o conteúdo da palestra e a postura do ministro Fachin sobre todos os recursos da Lava-Jato.