Tribunal de Justiça do Estado está inaugurando nesta quinta-feira (26) no Fórum de Curitibanos a Exposição “Nas ruínas do Contestado: vestígios de uma invasão durante a Guerra do Contestado”.  A visitação ao público estará aberta das 12h as 19h até o dia 14 de novembro.

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A mostra acontece exatamente no mesmo dia em que ocorreu a histórica invasão da cidade e destruição de processos, escrituras no cartório e no forum há exatos 105 anos.   Documentos foram resgatados, processos pisoteados por cavalos estão resgatados e várias peças daquele período estão sendo exibidos.  

A exposição é mais uma iniciaiva da Divisão de Documentação e Memória do Judiciário Catarinense, chefiada pelo historiador André Bruggmann, que vem realizando pesquisas inéditas sobre fatos de grande relevancia na história de Santa Catarina.    

O jornal “A Semana”, de Curitibanos, registrou o acontecimento cultural:   “Segundo o gerente do projeto André Brüggemann, parte dos documentos recebidos em Florianópolis estava com restos de terra, dejetos de animais e perfurações feitas por espadas. "Esses documentos judiciais, em pleno século XXI, ganham características e funções semelhantes a pinturas, fotografias, móveis e edificações selecionados como relevantes para a história das sociedades".  Explica que, nas últimas décadas, historiadores vêm realizando importantes esforços para analisar eventos que dizem respeito à Guerra do Contestado.

No tecido urbano da cidade, não restaram indícios da guerra, estando a invasão de Curitibanos, em 1914, à sombra de outros acontecimentos que caracterizam o maior conflito armado ocorrido no Brasil. Para o historiador, é importante trazer a exposição para o município como forma de aproximar os moradores de sua história local.”

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Prossegue o jornal:  “De acordo com o organizador, a exposição será dividida em três blocos: "ruínas", com a documentação disponível para visualização; "vi alguém dizer", lembrando uma característica dos processos da época, quando as testemunhas não afirmavam com certeza os fatos e utilizavam essa frase para explicar seus depoimentos; e "testemunhos", onde os processos da época poderão ser consultados, revelando a forma como a Justiça era feita nos séculos anteriores. "A história é algo que serve para o presente e para entender a sociedade em que estamos vivendo, também por isso, é tão importante fazer essa aproximação e apresentar o trabalho de preservação feito no Judiciário estadual", enfatiza Adelson André Bruggmann.

Carta da Exposição em Curitibanos
Carta da Exposição em Curitibanos (Foto: Divulgação)

O historiador esclarece que, na Divisão de Documentação e Memória do Judiciário, as atividades de higienização, identificação e catalogação de documentos judiciais, datados desde os últimos anos do século XVIII, trazem à luz a possibilidade de novas interpretações sobre a história catarinense.

"Esses documentos são, na verdade, ruínas que persistem à passagem do tempo. São ruínas em virtude de sua materialidade e porque se configuram como resíduos que tornam possível vislumbrar a relação do homem com o passado. E, neste caso, trazem à luz, com o impacto próprio das ruínas, os acontecimentos que se referem à invasão de 1914"