A exoneração do engenheiro e coronel da reserva Carlos Hassler da Secretaria de Infraestrutura representa a primeira baixa no colegiado estadual. É indicativo de que o governador Carlos Moisés da Silva poderá realizar outras intervenções no secretariado para tentar melhorar as relações com a Assembleia Legislativa. Ali, o clima é francamente desfavorável como registrado no primeiro dia de sessões ordinárias, com uma saraivada de críticas de deputados de vários partidos, incluindo os da base governista.

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Há outros indícios sobre os descontentamentos dos parlamentares com a nova administração estadual. No final do ano passado, o governador Moisés da Silva ofereceu um jantar na Casa da Agronômica. Ali compareceram 24 deputados de sua base. E agora em fevereiro, na primeira recepção oferecida pelo governador, a presença de apenas 14 deputados estaduais.

Há queixas e críticas contra a exagerada burocracia na Casa Civil, na Secretaria da Saúde e na própria Infraestrutura, com relatos de prejuízos para dezenas de prefeituras municipais. Os prometidos convênios para liberação das emendas parlamentares se arrastam pelos gabinetes com exigências de papelada e dados consideradas exageradas pelos deputados.

O sr. Carlos Hassler saiu com a publicação de uma resposta a nota de repúdio da Mesa Diretora, solidária com o deputado Valdir Cobalchini, do MDB, expulso do gabinete pelo ex-secretário, quando tratava de processo de interesse da Prefeitura de Pinheiro Preto.

Considerado inédito na historia do parlamento estadual, o incidente colocou o governador numa encruzilhada politica. Ou Moisés da Silva demitia o secretário da infraestrutura ou ficaria ainda mais fragilizado e enfraquecido na Assembleia Legislativa. E ele não tem mais capital a perder, pois o prazo de carência está encerrado e encerrada a blindagem politica tradicional no inicio de mandatos.

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Carlos Hassler vinha sofrendo fritura politica dentro e fora da Secretaria da Infraestrutura pelo estilo duro e considerado autoritário até pelos servidores.

Mas despediu-se com nota que revelou duas posições: a primeira, mais dura ao se considerar injustiçado pelos termos da “nota de repudio”da Mesa Diretora, citando o atendimento rotineiro aos parlamentares; e a segunda, o gesto de humildade, pedindo desculpas duas vezes pelo ocorrido com o deputado Valdir Cobalchini.

A exoneração sumária cumpre outro objetivo: encerra o inédito episódio politico na esfera parlamentar.