O ex-comandante da Polícia Militar de Santa Catarina, coronel Paulo Roberto Fagundes de Freitas, envia extenso e-mail, contestando alguns tópicos do comentário “O trabalhador e a reforma”, de 1º de maio. Traz informações sobre a inatividade precoce de oficiais da corporação. Os trechos mais esclarecedores são transcritos:
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“Não é do desconhecimento de ninguém que a reforma da Previdência é uma necessidade inadiável, como também não deve ser esquecido que não só a Previdência precisa ser revista em seus critérios, mas também muitos outros aspectos que hoje são, estranhamente, deixados de lado ou abordados superficialmente e, não raro, somente quando questionados! Refiro-me à taxação das grandes fortunas, a taxação de lucros e dividendos dos bancos, a cobrança de dívidas milionárias de grandes empresas junto à Previdência, etc, que
há muito vem faltando recolher aos cofres públicos! Escolher só servidores públicos como bodes expiatórios desse processo é, no mínimo, muito injusto!”
“Correções precisam ser feitas? Com certeza! Porém, no todo, sem exceções e, por questão de justiça, respeito e consideração, olhando as peculiaridades, as características, as diferenças, a história de cada categoria! Por exemplo: como entender um policial militar, seja ele soldado ou coronel, na atividade fim, com 60 anos, correndo atrás, enfrentando bandido com 17, 20, 30 anos de idade?! Ou uma professora encarando uma sala de aula do ensino fundamental com os mesmos 60 anos?! Ou ainda, um agente penitenciário ou um agente da Polícia Civil atuando com os mesmos 60 anos?!”
“A citação específica recaindo sobre os coronéis, que aposentam-se com 50 anos, que não constitui a maioria, porque ingressam na PMSC, em sua academia com 16, 17 anos! Os coronéis, além da compulsória da idade, têm a passagem para a reserva remunerada, também obrigatória, após seis anos no posto! Tudo por força da legislação que assim exige!”
“Registro ainda outras peculiaridades que caracterizam nosso mister, quase um sacerdócio: não podemos fazer greve, não podemos nos sindicalizar, não podemos desenvolver outras atividades, eis que nossa dedicação é plena , exclusiva à carreira policial militar! Os militares fazem parte do universo de servidores genuínos, nos quais me incluo com muito orgulho e sentimento do dever cumprido, e com enormes sacrifícios ao longo de uma carreira com ganhos beneditinos, mas que nunca esmoreceram a vontade, o ânimo, o prazer e o juramento de bem servir à sociedade, mesmo com o sacrifício da própria vida! E que a realidade tem demonstrado, nesse cenário da segurança pública cada vez mais deletéria à sociedade, e não poupando os policiais! Lembro ainda que, embora na inatividade, continuamos contribuindo com 14% de nossos subsídios para com a Previdência do Estado! E a atual remuneração tem seis anos, com reconhecimento da defasagem salarial pelo governo Colombo, oferecendo subsídios dignos”.
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