*Por Renato Igor, interino
Estrategista digital experiente, tendo trabalhado na campanha à Presidência de Aécio Neves, Rodrigo Gadelha será um dos palestrantes do 1º Seminário Catarinense de Marketing Político, em abril, em Florianópolis. Segundo ele, em 2018 o digital será o grande protagonista, já que a campanha, a verba e o tempo de TV serão menores e houve uma mudança no perfil dos eleitores. O seminário é promovido pelo Sindicato das Agências de Propaganda de Santa Catarina (Sinapro), com apoio da Fiesc.
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A impressão é que nos meios digitais as eleições já começaram. Para quem os políticos estão falando nas redes, qual será o peso delas nas próximas eleições, e qual o real alcance no dia a dia de quem não vive nos grandes centros com acesso à internet, quem não gera engajamento e não é influenciado pela bolha dos formadores de opinião?
Estamos falando de um país que tem quase um smartphone por habitante. Isso já mostra a força de como será essa eleição. Hoje as pessoas são muito mais que consumidoras de conteúdo, elas produzem e se engajam no envolvimento. A questão é saber como envolver esse novo perfil de pessoas. Com uma eleição mais curta, somente 45 dias, se faz muito mais necessário o desenvolvimento eficaz de uma pré-campanha. Teremos uma eleição em que o digital será um grande protagonista devido a vários fatores, como novo perfil de eleitor, falta de tempo em TV, verba de campanha reduzida e pouco tempo de campanha.
Como será a participação da inteligência artificial nas eleições de 2018?
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A inteligência artificial já faz parte de campanhas políticas, na parte de inteligência de dados. Na própria campanha presidencial do candidato Aécio Neves tive a oportunidade de ser o coordenador da área de SocialCRM e Data Science. Já tínhamos as melhores ferramentas de monitoramento de redes, ciência de dados, engajamento e envolvimento disponíveis. A inteligência de dados é fundamental para que se conheça o eleitor. Como conquistá-lo se não conhecemos como ele se coloca, como se envolve e o que consume em termos de conteúdo?
Os políticos sabem usar as redes? Na sua opinião, como será a construção da imagem dos candidatos em 2018, e como a credibilidade será afetada em ano onde a cada mês denúncias contra alguns deles vêm à tona?
O uso de redes sociais em nosso país ainda muito precário, falta estratégia, falta conhecimento do eleitor e como ele se comporta nas redes. Quando falamos de digital, falamos muito mais que redes sociais, falamos de pontos de contato. E isso é tudo que o eleitor pode ter contato com o candidato que tenha potencial de se tornar digital e de ser desenvolvida uma disseminação. Já quando falamos em credibilidade e denúncias estamos falando realmente de gestão de crise no ambiente digital. Isso requer que o candidato tenha uma estrutura de inteligência de dados que possa captar o que está sendo falado dele para tomar decisões de forma rápida e efetiva.
Nesta semana surgiu o escândalo do uso de dados do Facebook na candidatura de Donald Trump nos EUA. A fonte de dados aqui é legal? Há o risco de impugnar uma candidatura no Brasil por uso indevido de dados?
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O uso de dados é legal. O que foi ilegal foi a forma na qual a informação foi captada. Se eu te perguntar se você quer receber informações de determinado candidato, tudo bem. No caso americano, não estava claro no termo de uso no que aquela informação seria utilizada. Eles usaram um aplicativo de jogos para captar os dados e depois usar. É legal desde que o usuário aceite as condições e saiba no que vai ser usado. Se fosse um aplicativo do próprio candidato dizendo para o que era, não haveria problema. O que falta é transparência na hora de captar o dado.
Qual o peso que você dá para a importância da campanha na TV e nas mídias digitais? O que é mais importante, mais decisivo?
Em campanha não existe coisa maior do que outra. Ganha-se com a articulação, com a rua. O peso das mídias sociais será muito maior do que era antes. O caso do Bolsonaro, por exemplo, ele terá sete segundos de TV. Só vai ter uma mídia para usar: a digital. As pessoas me perguntam: só fazendo campanha digital eu vou ganhar? Não é só isso. tem que ter gente boa, cabo eleitoral, infraestrutura. Não se ganha só com comunicação. Ela ajuda, faz a diferença, mas só com ela não. Imagina um candidato que vai para rua, come pastel e faz cara feia, não abraça as pessoas…
O deputado Jair Bolsonaro é muito forte nas redes sociais….
Hoje ele é um grande player, mas a tendência, se ele não se posicionar, se não mostrar outros lados, vai ser ruim para ele. O silêncio dele no caso da vereadora Marielle Franco já foi um sinal. Ele precisa criar um posicionamento. Se continuar assim, vais ser o Celso Russomano, que liderava até as eleições e morreu na praia. Não pode ser o samba de uma nota só.
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Há risco da utilização de falsas notícias para ajudar ou prejudicar um candidato?
Sempre vai ter. Sempre teve. Existe desde o offline, que são os boatos. Não vai mudar nas majoritárias. Nas proporcionais não acredito, não terá verba nem tempo para isso. O candidato precisa tomar uma decisão. Ou ele constrói uma imagem ou se defende. Eu gosto de construir a imagem do candidato. Ninguém quer um cara que fique só se defendendo.
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