A reinauguração da Ponte Hercílio Luz nesta segunda-feira (30) encerra um longo ciclo de obras de manutenção, contratos aditivos, estudos sobre restauração de várias instituições tecnológicas de Santa Catarina, do Brasil e dos Estados Unidos.

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Começou em 3 de dezembro de 1981, quando o Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo realizou rigorosa investigação sobre a suspeita de rachadura de um dos olhais de sustentação. Esse documento, com parecer conclusivo sobre os riscos, chegou à Secretaria dos Transportes e Obras do governo Jorge Konder Bornhausen em 22 de janeiro de 1982.

O secretário na época, o então deputado federal Esperidião Amin, foi comunicado do parecer. Reuniu o colegiado técnico e, por votação, ficou decidido que a ponte deveria ser interditada. Amin levou a manifestação ao governador Jorge Bornhausen, que autorizou a imediata interdição da Ponte Hercílio Luz.

Em 1988, a ponte foi liberada apenas para pedestre e ciclistas. Três anos depois houve o fechamento, que permaneceu até esta segunda-feira.

O falecido governador Luiz Henrique da Silveira prometeu investir na recuperação, anunciando até um projeto mais ambicioso que previa até metrô de superfície. Coube, contudo, a seu sucessor Raimundo Colombo as decisões que culminaram com a restauração completa da ponte pela Teixeira Duarte, a construtora portuguesa com "know how" nestes projetos e várias pontes pênseis recuperadas em várias partes do mundo.

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O processo de reforma geral foi longo e penoso. Exigiu técnicos de alto nível e operários especializados. Sistemas sofisticados de computação eletrônica foram utilizados em várias etapas da reforma.

Um dos momentos mais delicados ocorreu quando da transferência de carga para os quatro pilares de ferro de sustentação construídos no mar, segurando o vão central. Outro momento de alta tecnologia aconteceu quando da substituição das rótulas de sustentação das duas torres centrais. Essa obra virou "case" mundial de engenharia.

Quando o projeto foi apresentado, anos atrás, numa longa e detalhada exposição dos técnicos na sede da Fiesc, muitas dúvidas surgiram sobre a operação de elevação das duas torres para substituição das rótulas. Incertezas decorrentes do peso das torres, do gigantismo da operação e da necessidade de serem elas isoladas do resto da estrutura, fosse ela no vão central ou nos dois viadutos. 

A experiência e o conhecimento da Teixeira Duarte executou esta extraordinária manobra com absoluta segurança e sem risco. As  torres foram sustentadas por cabos de aço e levantadas por poderosos macacos hidráulicos controlados por computadores.

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De acordo com os engenheiros e assessores do ex-governador Raimundo Colombo, a reinauguração não ficou pronta no ano passado porque houve atrasos na desocupação de um terreno invadido no lado continental, justamente num dos principais pilares que precisou ser totalmente reconstruído. Como a decisão judicial arrastou-se por meses, a construção também retardou as providências dos engenheiros.