A Operação Lava-Jato identificou um poderoso e bilionário esquema de corrupção na administração pública, mas o sistema ainda não mudou. É preciso fortalecimento da sociedade civil em torno da campanha “Unidos contra a corrupção” para que novas leis sejam aprovadas pelo Congresso Nacional.
Continua depois da publicidade
A tese foi defendida a manhã desta sexta-feira (28) durante reunião do Conselho e Diretoria do Sistema Fiesc pelo Procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Operação Lava-Jato em Curitiba.
Entre as medidas propostas por uma ampla organização – Observatório social, Contas Abertas, Transparência Brasil, Conselho Federal de Contabilidade, entre outras – destacam-se: redução das autoridades com foro privilegiado de 55 mil para apenas 16; melhoria nos critérios de escolha dos ministros dos tribunais superiores e conselheiros dos Tribunais de Contas, desburocratização, punição rigorosa aos partidos envolvidos em atos de corrupção, combate sistemático a corrupção nas instituições privadas.
Deltan Dallagnol alertou para os riscos que a Lava-Jato estará correndo depois das eleições. Lembrou que o projeto das “10 medidas contra a corrupção” foi destruído no Congresso Nacional por deputados federais e senadores. A votação da matéria acabou prejudicada pela tragédia envolvendo a equipe da Chapecoense.
Houve, também, dentro do Congresso uma forte ação politica contra o avanço das investigações, porque uma só empresa envolva um terço dos ministros, um terço dos senadores e metade dos governadores nos escândalos de corrupção.
Continua depois da publicidade
O Procurador fez outra crítica ao Fundo Eleitoral, criado no ano passado, revelando que os recursos bilionários foram destinados a cerca de 70% dos atuais deputados federais e senadores. Fato que deverá reduzir os índices de renovação do legislativo.
Outras revelações: “Os países mais corruptos são exatamente os que tem menores índices de Desenvolvimento Humano”; “Maior índice de corrupção leva a perda de competitividade das empresas no mercado mundial”; “Governos mais corruptos são governos com maior burocracia”.
O Procurador Deltan Dallagnol fez um comparativo da Operação Mãos Limpas na década de noventa na Itália, que acabou perdendo credibilidade e protegendo a impunidade e os corruptos.
As críticas à Lava-Jato no Brasil objetivariam esvaziar as investigações e impedir aprovação de medidas de combate a corrupção e a impunidade.
Continua depois da publicidade
Deltan Dallagnol foi aplaudido de pé duas vezes durante sua presença na Fiesc. A primeira vez, quando encerrou a palestra, e a segunda, quando se despediu dos empresários.