Deltan Dallagnol, o coordenador da Lava-Jato encontra-se em Gaspar com familiares desde quinta-feira. Proferiu a palestra de abertura do 35o Encontro do Ministério Publico de Santa Catarina.

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A operação Lava-Jato ainda corre risco?

Com certeza! A Lava-Jato é uma operação contra pessoas poderosas. Na Itália surgiram vários projetos que esvaziaram as investigações. Nosso receio é de que isto aconteça aqui também depois das eleições.

 

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O que a sociedade civil deve fazer para que isto não ocorra?

A Lava-Jato é insuficiente contra a corrupção. É um passo na direção certa no império da lei, no estado de direito, mas não é suficiente. Se queremos continuar combatendo a corrupção precisamos de passos adicionais. É indispensável reformas que mudem as condições que favorecem a corrupção nos meios políticos, econômicos e de justiça criminal. O melhor caminho é eleger agora para o Congresso pessoas com passado limpo e comprometidas em aprovar uma grande pauta contra a corrupção. E para isso há a campanha “Unidos contra a corrupção”, apartidária. É uma campanha da sociedade civil brasileira, liderada pela Transparência Internacional, pelo Observatório Social do Brasil, Instituto Ethos, Movimento de Combate à Corrupção e outros.

 

E as delações que não foram homologadas em Brasília?

É praticamente impossível investigar em massa crimes de corrupção sem a colaboração premiada. São crimes que ocorrem às escondidas, não deixam testemunhas, envolvem os interessados e o arco de corrupção é disfarçado e o pagamento passa por sofisticados métodos de lavagem de dinheiro. Quando uma pessoa decide colaborar ela entrega atos de um alfabeto completo de crimes que se desconhecia.

 

O que fazer para evitar que o sistema de corrupção continue funcionando?

A Lava-Jato tira maçãs podres do cesto. O problema da corrupção não é resolvido tirando maçãs apodrecidas do cesto. É preciso mudar as condições de luz, temperatura e umidade que fazem aquelas maçãs apodrecerem. Do mesmo modo, não tivemos por parte do Congresso uma resposta adequada para combater a corrupção sistêmica. Não houve a aprovação de reformas consistentes contra este mal. Somos como aquele médico que todo ano faz um diagnóstico e recomenda tratamento, mas o paciente não faz o tratamento.

 

Vamos ter novas revelações na Lava-Jato?

Eu espero que sim. Estamos trabalhando muito. Vamos torcer.

 

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