Há exatamente um ano, o coronel da reserva dos Bombeiros Militares comemorava a mais surpreendente vitória eleitoral da história de Santa Catarina. Com partido sem estrutura, o PSL, desprovido de recursos, novo na política, o então candidato Carlos Moisés da Siva
derrotou partidos e lideranças tradicionais do Estado. Com fato surpreendente, omitido em todas as pesquisas eleitorais: excluiu o MDB do segundo turno, derrotando o presidente do Diretório Estadual e deputado federal Mauro Mariani.
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No segundo turno, beneficiado pelo 17 do tsunami bolsonarista, venceu com números avassaladores: 2.644.179 votos, que corresponderam a 71,09% do eleitorado catarinense.
A partir de 29 de outubro, contudo, o governador eleito começou a negar o posicionamento
político do candidato do PSL. Em relação ao setor produtivo, às promessas de campanha e ao relacionamento com a imprensa.
Nos dois meses da transição e nos 10 meses de governo, Carlos Moisés optou pelo isolamento político. Para os que com ele convivem, para se blindar das velhas raposas políticas. Na avaliação de analistas, para não se contaminar por contatos que julga temerários. E na visão de lideranças, porque foi surpreendido pelo resultado, conhece pouco do Estado e procura se
inteirar da complexa realidade de SC.
Prometeu “governar com o setor produtivo”, declaração que repetiu pelo menos cinco vezes no debate com Gelson Merisio na Fiesc, promovida pelo Conselho das Entidades
Empresariais (Cofem). Evitou os empresários durante meses e, quando firmou posição, foi
para aumentar os impostos. Elevou o tom da reação dos que produzem ao defender o aumento da alíquota do ICMS sobre os defensivos agrícolas.
O agronegócio mobilizou-se, respaldado pelos especialistas e pelas demais federações, e a Assembleia Legislativa retardou a esdrúxula decisão. Durante o período, visitou muito pouco
as principais cidades do interior, deixou de comparecer a eventos do calendário e optou pelo regime de servidor público, recolhendo-se nos fins de semana na Casa d’Agronômica. Sua agenda oficial continua em uma caixa-preta.
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No poder, afastou-se do presidente da República, adotou discurso mais à esquerda e foi isolado pelos bolsonaristas da esfera parlamentar. Decide agora sobre ações no PSL-SC, de olho nas eleições municipais do próximo ano.
Segundo seu correligionário, o deputado Jessé Lopes, trabalha pela reeleição em 2022. De acordo com o deputado Sargento Lima, Moisés prestigia mais o MDB do que o PSL. Pode mudar de legenda. O primeiro teste virá em 4 de outubro de 2020, quando seu isolamento voluntário será testado nas urnas, definindo seu futuro politico.