Quando um católico devoto vai à missa dominical numa igreja fora da habitual e lá encontra um sacerdote moderninho misturando música sacra com sertanejo, dançando no altar ou fazendo discursos ideológicos que maculam o ritual, a batina e os manuais da tradição cristã, o templo começa a esvaziar. O celebrante está conspurcando a liturgia do cargo.
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Quando o comandante Moisés da Silva, depois de empossado em solenidade na Assembleia Legislativa, aceita ser homenageado num ritual legítimo dos bombeiros, acaba sendo alvo de críticas. Ele e os que lhe prestaram tributo confundiram as posições e feriram a liturgia do cargo.
Quando os três filhos do presidente Jair Bolsonaro assumem posições políticas, criando crises desnecessárias e envolvendo o novo governo em situações embaraçosas que podem comprometer projetos vitais para a nação, eles acabam praticando ilegalidades. Por muito menos, Hillary Clinton sofreu uma investigação nos Estados Unidos, quando usou celular pessoal para transmitir informações da Casa Branca. E se Jair Bolsonaro não se blinda, não dá limites para os três mosqueteiros, também está arranhando sua autoridade de presidente da República. Permite, por ação ou omissão, que não se respeite o cargo e sua liturgia.
Pior: quando no Palácio do Alvorada, Bolsonaro reúne-se com a cúpula que estudou a reforma da Previdência, para anunciar o projeto que vai ao Congresso Nacional, vestindo uma camisa falsificada do Palmeiras e sandálias de plástico, vira alvo de zombarias e dá munição aos adversários.
Se posou para uma foto populista, equivocou-se; se foi improviso, deslize ainda maior. Para evitar o brega, não perder capital politico e honrar os 57,7 milhões de votos precisa manter a liturgia do cargo.
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