Férias: não existe momento mais propício para falarmos de educação. Em artigo escrito pelo professor Daniel Medeiros, doutor pela Universidade Federal do Paraná, leio o questionamento: “Qual escola tornará meu filho ou minha filha pessoas melhores, mais capazes, mais preparadas para o futuro?” O normal é receber como resposta: “Ora, se é você quem escolhe, você deve saber”. O artigo não dá nenhuma dica, nenhuma orientação sobre como escolher a escola “certa”. Como assim? Várias pesquisas demonstram que o principal fator no sucesso escolar de um jovem é a família.

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Um jovem cujos pais têm nível superior e são presenças ativas na sua formação tem uma chance absurdamente maior de igualmente chegar ao nível superior e se tornar um influenciador de seus filhos. Ou seja: o componente familiar e a herança cultural dos pais são os maiores fatores de distinção social que existem. E qual o papel das chamadas boas escolas? Objetivamente, elas devem buscar ampliar essa formação, aprofundando as melhores qualidades que já vêm de casa. E que qualidades são essas? Respeito pelo aprendizado, foco na tarefa a ser cumprida, exemplos vindos dos adultos, boas práticas de respeito e camaradagem, estímulo à curiosidade e ao questionamento, solução de conflitos pelo diálogo e pelo consenso, entre outras. A boa escola tem, portanto, um papel suplementar.

Particulares x públicas

Há aqui um grande desafio para os agentes públicos. Nem todos os pais podem escolher a escola que querem para seus filhos. Se particulares, mais difícil ainda. E o mais grave: muitos pais não sabem o que escolher. E o que ainda é mais desafiador: muitos jovens não têm pais ou têm pais que não assumem essa tarefa de orientá-los. Por isso, se o Estado assume para si a tarefa de garantir educação de qualidade, a escola pública deve buscar oferecer um ambiente de convivência e aprendizado que seja capaz de compensar a ausência e deficiência da presença e estímulos dados pela família. Caso contrário, ocorrerá na educação pública um processo de defasagem crônica na formação dos jovens e de distanciamento cada vez maior das chances desses jovens realizarem no futuro seus projetos profissionais e cidadãos.

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