Busquei entender um pouco mais sobre a pesquisa de balneabilidade divulgada pela Fatma, especialmente aquela cuja coleta foi feita no dia 2 de janeiro em dois pontos das praias de Jurerê e Jurerê Internacional (em frente a Rua das Moreias, em Jurerê, e no final da Avenida dos Salmões, em Jurerê Internacional). A análise apontou os dois locais como impróprios para banho. Dois dias depois (4 de janeiro) o Sistema de Água e Esgoto – SAE (serviço particular instalado em 1981 pela Habitasul), fez a mesma coleta e apontou pontos próprios para banho.
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Curiosamente fui ao histórico de balneabilidade da Fatma dos últimos 10 anos e percebi que a esmagadora maioria (quase 100%) das vezes em que a coleta foi feita, os dois pontos aparecem como próprios para o banho – do mesmo modo no histórico do SAE. Curiosamente, no dia 30 de agosto de 2011, após uma chuva forte no dia anterior, os dois pontos aparecem como impróprios nos dois históricos, o que reforça a teoria da prefeitura de que as chuvas e o aumento de pessoas fazendo uso do sistema de esgoto das residências (muitas das quais ainda jogando ilegalmente a produção nas galerias pluviais) no fim do ano possa ter contribuído sobremaneira para os resultados divulgados na quarta feira pela Fatma. Para os que se interessarem em acessar estas duas pesquisas, deixo os endereços: clic.sc/balneabilidadeFatma e clic.sc/relatorioSAE.
Custo real do trabalho da Fatma
Cada análise de um único ponto (são cinco coletas e o o exame no laboratório) feita pela Fatma custa aproximadamente R$ 100 (se o serviço fosse terceirizado, o custo seria pelo menos quatro vezes maior). Multiplique esse valor por 215 pontos em coleta semanais, de novembro à março (cinco meses – mais as pesquisas mensais de março a novembro) e você chegará a um investimento aproximado de R$ 1 milhão/ano apenas para realizar a pesquisa de balneabilidade, que é regulamentada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente e feita com todo o empenho e profissionalismo por nossa Instituição. Não questiono o trabalho, sua qualidade e o investimento, mas me pergunto até quando vamos prosseguir coletando e avaliando pontos cujos resultados são “quase” eternamente impróprios. Esses pontos são bem conhecidos pelos técnicos e não recebem a devida fiscalização das autoridades responsáveis para recuperá-los. Vale continuar fazendo a análise? E daí? Faço e refaço essa pergunta há pelo menos 20 anos. E daí? Até quando continuaremos descobrindo o óbvio? E a resposta também é óbvia: até que alguém tome para si a responsabilidade de transformar em próprio esses pontos “eternamente” impróprios. Mas, quando será?
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