Ao longo da história, as tragédias provocaram e deixaram uma herança de reflexões, aprendizados e importantes mudanças.
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O mundo também evolui pelas tragédias e/ou quase sempre por elas. Aliás, segundo os estudiosos, isso também já está ocorrendo com a pandemia do coronavírus.
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No campo educacional, as arrastadas e lentas discussões sobre ensino a distância, (EAD) caíram por terra e num piscar de olhos ela entrou em cena como a solução para o ano letivo. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), metade dos estudantes em todo o mundo, 850 milhões de crianças e adolescentes de mais de 100 países, já estão em casa por semanas ou meses.
Escolas e professores que não foram preparados para o EAD precisaram se adaptar urgentemente, sob pena de perderem o trem da história, o mesmo dizendo das crianças, adolescentes e adultos que estão do outro lado da relação como alunos.
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Os investimentos destinados à Educação ainda são escassos e isso nos leva a uma frase atribuída a Abraham Lincoln: “Se pensar que a educação é cara, experimente a ignorância!”.
Podemos complementar dizendo que uma educação de boa qualidade custa caro. Uma educação de má qualidade, custa mais caro ainda…
A presença do aluno em grupo, frente ao professor numa sala de aula, certamente ainda irá perdurar por algum tempo, mas a experiência da pandemia reforça os argumentos de quem já vem defendendo a introdução de mais atividades à distância, via plataformas digitais.
O fetiche da presença do aluno na escola estaria chegando ao fim?
O desafio maior nesse momento e nos próximos meses e anos é principalmente a preparação dos professores para a educação à distância.

Recebi a gravação de uma criança desabafando com a Profe (é assim que ele a chama), dizendo que a mamãe não sabe ensinar. Contando que a mãe é cozinheira de um restaurante e que ela só sabe de comida. "Ela é uma ótima cozinheira, mas quem sabe de letras é você Profe." complementa a criança deixando transparecer uma certa emoção. Fiquei imaginando a dificuldade da Profe em retribuir qualitativamente à essa expectativa de seu aluninho com a mesma competência para a qual foi preparada a ensinar na sala de aula.
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Tão logo passe a epidemia, e a atividades regulares comecem a retomar seu ritmo é até possível que a Educação volte a ser como era, pelo menos por algum tempo (aliás, mudou tudo nas relações sociais, mas o processo educacional continua exatamente como na era medieval – professor, alunos, carteiras, quadro negro/verde, tarefas escolares para serem feitas em casa, inspetores de alunos, disciplina (ou melhor – falta dela).
Mas, com essa experiência envolvendo os pais em suas casas, no acompanhamento de seus filhos (algo que também não vem acontecendo há bons anos), uma nova geração de aprendizes está começando a ser preparada pela crise. Uma geração de crianças que deverá ser mais capaz, mais atenta aos desafios e talvez seja a pandemia o empurrão final necessário para promover a tão desejada e discutida transformação na educação.
Como já dizia Nicholas Negroponte, diretor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) em meados da década de 80:-
“O futuro já não é o que era!”.
E não é mesmo…