Aos 71 anos, o jornalista Renan Antunes de Oliveira morreu na manhã deste domingo (19) em sua casa no Rio Vermelho, em Florianópolis. Deixa a mulher, Bianca, e seis filhos: Floriano, Leonel, Jerônimo, Catarina e Bruno, a caçula Angelina, de 11. Renan havia se submetido a um transplante de rim no mês passado.
Continua depois da publicidade
Repórter com todo o seu DNA, marcou seu nome em grandes matérias pela Veja, Gazeta do Povo, RBS, IstoÉ, Estadão (correspondente em Nova York). Em 2004, contrariando as expectativas, foi ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo (um dos mais importantes reconhecimentos qualitativos na imprensa brasileira) com a matéria "A tragédia de Felipe Klein", publicada no Jornal Já, de Porto Alegre, um veículo que circulava com pouco mais de 5 mil exemplares. No mesmo ano foi considerado o Jornalista do Ano, no prêmio Press do Rio Grande do Sul.
Teve passagens marcantes pelo mundo como correspondente internacional ou, sem vínculo com veículos, ia em busca da notícia onde quer que ela estivesse acontecendo. Enfrentou as autoridades chinesas que o ameaçaram de deportação, acorrentando-se às colunas da Embaixada Brasileira em Pequim.
Também foi preso pela Polícia do Iran próximo à cidade de Zahedan. O lugar, uma tríplice fronteira entre Iran, Paquistão e Afeganistão, era uma das portas de entrada para a guerra. Renan foi levado para uma cadeia, encapuzado e interrogado durante 30 horas. Tudo isso entre outras marcantes passagens, sempre em nome da boa informação e da liberdade de expressão.
Ultimamente, mantinha um comentário no canal do DCM (Diário do Centro do Mundo) no YouTube, onde mantinha seguidores fiéis e era carinhosamente conhecido como o “Véio do DCM”. Ganhou um público fiel por sua linguagem contundente e livre.
Continua depois da publicidade
Convivi com Renan durante sua passagem pela RBS e aprendi a admirá-lo e a respeitá-lo como profissional por seu empenho e competência e como ser humano por sua determinação e dignidade.
Escreveu matérias marcantes como a dos "Zumbis" que habitavam a noite no centro de Florianópolis e dos brasileiros condenados a morte na Indonésia.
Embora um de seus filhos tenha informado que o pai fora testado positivo para o coronavírus no dia 15 de abril, o jornalista Kiko Nogueira, diretor do DCM, escreveu ter recebido a informação da esposa de Renan, Bianca, de que a médica teria ligado ontem (18), dizendo que o resultado para coronavírus era negativo. A morte teria ocorrido por problemas cardíacos.
Pelo sim, pelo não, a família decidiu por um velório restrito e pela cremação.
Tempos difíceis em todas as áreas.
Perdemos mais um grande jornalista, na verdadeira acepção do termo.
Aos familiares, nosso imenso pesar.
Coronavírus em Santa Catarina
Segundo o Boletim divulgado no final da tarde desse domingo (19) pela Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, há registro de 1.025 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus. O dado foi divulgado pelo governador Carlos Moisés.
Continua depois da publicidade
A Covid-19 já causou 35 mortes no Estado desde o início da pandemia. Os óbitos mais recentes são de três homens, residentes em Braço do Norte (37 anos), Camboriú (68) e Tangará (56). Todos faziam parte de grupo de risco.
Pelo menos até esse momento, o caso do jornalista Renan Antunes de Oliveira não consta do número oficial de mortos pela Covid 19.