Entre as vozes masculinas do mundo do tango na Argentina, a de Roberto Goyeneche foi uma das mais admiradas. Muitos o consideravam o “último grande cantor de tango”. Antes de apostar em uma carreira musical, foi motorista de ônibus. Grande admirador de Gardel, tinha um estilo único de interpretação e cantou em orquestras famosas, até que se lançou em carreira solo.
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Foi o primeiro interprete do clássico de Ástor Piazzolla – Balada Para Un Loco. Seu estilo único poderia ser descrito nos últimos anos de sua carreira, como alguém que já não “cantava”, e sim “declamava” as letras no ritmo da orquestra, usando uma voz rouca, prejudicada pelos inúmeros cigarros que consumia diariamente.
Aliás, foi o que mais me chamou a atenção quando fomos recebidos em seu camarim, momentos antes de mais um show numa das casas de tango mais populares de Buenos Aires. Maços de cigarros entreabertos e muitos cinzeiros.
O estilo pessoal do polaco, seu jeito de "dizendo" o tango, distinguiu-o entre os seus pares e levou-o a gravar mais de 100 LPs. Goyeneche foi cantor da orquestra de Armando Pontier e Horacio Salgán, e também de Aníbal Troilo e foi acompanhado por todos os grandes diretores e compositores em sua carreira solo.
Quando ele finalmente cantou com o quinteto de Astor Piazzola, o maestro esmagou seu bandeon no palco em frente ao público para que ele nunca mais voltasse a tocar depois de ter acompanhado o Polaco. Apelidado carinhosamente de “Polaco”, Goyeneche imortalizou canções como Malena, Chau, no va más e Qué solo estoy. Nascido em Buenos Aires, em 29 de janeiro de 1926, faleceu também em Buenos Aires, em 27 de agosto de 1994.
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Paulo Santana era apaixonado por Goyeneche e não se acalmou enquanto não cantou um tango em dueto com o Polaco. Achei que teria que leva-lo ao Pronto Socorro tal a adrenalina produzida.
Ambos já morreram. Goyeneche em Buenos Aires, em 27 de agosto de 1994 e Pablito Santana em Porto Alegre, no dia 19 de julho de 2017. É evidente que me emociono duplamente quando relembro essa passagem.