No último sábado lembrei os telespectadores do Jornal do Almoço do completo desmonte da maior parte da malha ferroviária que já tivemos em nosso país. É possível que algumas pessoas tenham entendido o comentário como um posicionamento contrário ao movimento dos caminhoneiros que tomou conta do Brasil. Esclareço então que lembrar que nosso país abandonou o modal ferroviário me levou a lamentar duplamente a falta de visão logística dos nossos governantes, quer pelo abandono a que estão entregues os caminhoneiros, quer pelo sucateamento das nossas ferrovias. Os dois modais (rodoviário e ferroviário) mais o fluvial, com balsas que poderiam usar nossos grandes rios como estradas (como fazem no Tietê, por exemplo) dariam ao Brasil uma capacidade de movimentação que – apenas os que não quiserem ver – não enxergam.
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O apoio aos caminhoneiros não é excludente a tentar ver um país do futuro muito mais abrangente e preparado logisticamente. Praticamente a imensa maioria de nossas ferrovias foi simplesmente sucateada – e pelo interesse de quem? Para grandes distâncias tínhamos o Rodo-Trem em que os caminhões subiam nas gôndolas e eram transportados com os seus motoristas num vagão de passageiros até um ponto mais favorável na rota. E conseguiam até ter mais lucro pelo frete, acredita? Pessoalmente, lamento muito a falta de visão dos nossos governantes e quem sabe essa seja a maior lição que os bravos caminhoneiros estão nos presenteando.