Dias atrás comentei no Jornal do Almoço sobre uma "vaquinha" até despretensiosa desenvolvida por empresários de Pomerode, Vale do Itajaí, por um simples grupo de WhatsApp.

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O grupo que começou pequeno, acabou chegando ao expressivo número de 35 empresas cujo objetivo inicial era arrecadar 220 mil reais para adquirir dois respiradores para o Hospital e Maternidade Rio do Texto, única unidade de porte da cidade.

A boa nova de hoje, é que a mobilização superou as expectativas: arrecadaram R$ 350 mil que serão revertidos na compra dos respiradores e outros importantes equipamentos, que ajudarão a salvar vidas, tanto de Pomerode como da região.

Além dos dois respiradores e um digitalizador de imagens, que permite visualização e avaliação imediata de exames radiológicos, essencial para diagnóstico e acompanhamento do quadro respiratório no caso de pacientes com o novo coronavírus, foi possível adquirir dois monitores paramétricos (para supervisionar sinais vitais do paciente), dois aparelhos para eletrocardiograma, duas bombas de infusão (indispensável para tratamento da Covid-19) e dois carrinhos de emergência.

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Com esses novos equipamentos, o Hospital e Maternidade de Pomerode passa a ter dois leitos completos de UTI (com potencial de expansão para quatro), em condições de atender pacientes graves do novo coronavírus.

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Vale lembrar que a "vaquinha" começou por conta da dificuldade do município não só em obter recursos, mas também de comprar os ventiladores.

Será que esse vai ser um dos legados dessa pandemia?

Ao comentar essa noticia no Jornal do Almoço desta sexta-feira, questionei ao final sem desmerecer a conquista e o exemplo de Pomerode:

Foi preciso uma pandemia para que essa iniciativa espetacular acontecesse?"

Que outras ações semelhantes podem ocorrer quando tudo isso passar? Será que estamos crescendo como seres humanos? Não – estamos evoluindo. Evoluir é muito mais do que crescer. Crescer é ficar maior, evoluir é ficar melhor.

E essa espécie de purgação pela qual estamos passando, proporciona a todos uma visão clara e insofismável de nossa finitude, nossa pequenez e quanto podemos nos fortalecer quando nos unimos.

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Por mais que esse minúsculo e inconsciente inimigo da raça humana chamado Coronavírus esteja nos trazendo dor, desespero e até pânico, ainda é possível que consigamos tirar algo de bom ao final dessa pandemia.

Solidariedade: essa palavra resume um sentimento cada vez mais presente em cada esquina, bairro, cidade ou país. Obviamente, ainda não é possível saber se essa onda (de solidariedade) irá embora junto com a crise do coronavírus, na mesma rapidez com que chegou.

Mas para a psicóloga Anne Böckler-Raettig, da Universidade de Würzburg, na Alemanha:

"Quanto mais frequentemente mostramos um comportamento pró-social e percebemos como isso é bom – seja na sociedade, seja no nosso círculo de amigos, seja no nível pessoal –, mais repetiremos esse comportamento."

Tomara que ela esteja certa. O fato de nos isolarmos compulsoriamente pode ter um efeito inverso e real de aproximação, no levantamento e reconhecimento de nossas necessidades e na evolução do senso de responsabilidade que devemos ter sobre cada um e por todos, no conjunto social.

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