Chamei a atenção terça-feira (14), no Jornal do Almoço, da NSC TV, para tentativas de golpes em busca de pessoas ingênuas e inocentes durante a pandemia do novo coronavírus. Aliás, imagino que você saiba a diferença entre esses dois conceitos – ingenuidade e inocência, não?

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Muitas vezes eles são erroneamente dados como sinônimos – e não são. A confusão se deu porque em geral, esses conceitos – inocência e ingenuidade – são aplicados às crianças, pois na imensa maioria, elas são as duas coisas – ingênuas e inocentes.

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Confira:

•Inocência: ausência de má intenção, retidão moral, ética, integridade.

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•Ingenuidade: desproteção física, emocional ou intelectual proveniente da ignorância.

A ingenuidade pode ou não ser acompanhada por inocência, mas nem sempre.

Por exemplo, quem cai no golpe do bilhete premiado, normalmente apresenta ingenuidade, mas não inocência, pois é levado a pensar também com o “olho gordo”, num ganho fácil.

Nesse tipo de golpe, quase sempre há pedido de depósito bancário.
Nesse tipo de golpe, quase sempre há pedido de depósito bancário. (Foto: divulgação)

Sobre os golpes que citei no Jornal do Almoço, você os encontrará em detalhes no site da CBN Diário, na matéria feita pelo colega Leandro Lessa.

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E já que abordei esse assunto – Tentativas de golpes dados por malandros pessoalmente ou por telefone, busco apoio no que nos oferece Natalie Melaré, especialista em gerenciamento de organizações sem fins lucrativos e campanhas de terceiro setor, fundadora e presidente do Instituto Devolver. Essa instituição tem como missão a promoção da solidariedade em prol de crianças e adolescentes brasileiros.

Veja o alerta que ela nos dá:

A pandemia mundial do novo Coronavírus despertou diversos sentimentos em todos nós. Medos, inseguranças, incertezas sobre o futuro, ansiedade e tristeza foram alguns deles, mas ao mesmo tempo pudemos observar o aumento da empatia, da compaixão, do otimismo e um chamado em alto e bom som para a retomada do pensamento coletivo e solidário, já que a doença tem altos índices de contágio e um paciente doente pode levar a infecção para pessoas próximas.

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Diante deste cenário, a campanha #FiqueEmCasa é um pedido geral para a segurança de todos, mas muito pouco eficiente para pessoas em situação de vulnerabilidade social, que têm pouco ou nenhum acesso à saneamento básico, produtos de limpeza e higiene pessoal para ajudar no combate ao vírus, e que, infelizmente, estão sofrendo diretamente com a falta de suprimentos básicos.

É nesta situação que percebemos que o pensamento solidário não se limitou apenas a olhar para as necessidades de um vizinho idoso que precisa de ajuda nas compras de remédios e alimentos no mercado ou com a amiga que acabou de ganhar um bebê, mas também a quem a ajuda não chega sem o intermédio de uma ONG ou Instituição do Terceiro Setor.

Nestes momentos de fragilidade precisamos de atenção redobrada quando se trata de doações e ajudas humanitárias. Golpes cibernéticos ligados ao Coronavírus já estão em circulação e têm aumentado gradativamente com o passar dos dias. De acordo com um levantamento feito pela empresa de segurança digital PSafe, cerca de 2 milhões de brasileiros foram alvo de golpes só na última semana.

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Confira 6 dicas de como identificar ONGs e Instituições confiáveis para apoiar durante esta crise:

Filtre as causas que deseja ajudar: não só com a crise do coronavírus, mas durante o ano todo ONGs e Instituições adotam causas de diferentes públicos em situação de vulnerabilidade para apoiar, portanto o primeiro passo é encontrar uma com que você se identifique.

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Pesquise: se você for atingido por um anúncio de uma campanha via redes sociais ou chegar até uma ONG, pesquise tudo sobre ela antes de fazer uma doação. Quem está ligado à Instituição? Quem são os indivíduos que fazem a gestão e o quanto eles estão envolvidos no dia a dia dela?

Comunicação: durante a pesquisa, é fundamental entender como é feita a comunicação desta Instituição com a população. O ideal é que essa ONG tenha um site e redes sociais estruturados com informações básicas sobre seu campo de atuação, apresentação da equipe e ações realizadas.

Objetivos claros: busque clareza nas campanhas com explicação do objetivo, grupo beneficiado, data de entrega e meta de arrecadação. Por exemplo: estamos arrecadando cestas básicas no valor de R$ 50 para famílias da zona leste de São Paulo, que serão entregues no dia 20 de abril de 2020.

Transparência e Governança: antes de concretizar uma doação é fundamental entender como a instituição atua quanto à prestação de contas. Busque no site se há relatórios mensais das doações recebidas e o relato do caminho que o dinheiro fez dentro da instituição. Há fotos dos resultados das arrecadações? Há divulgação dos resultados das campanhas? Quanto arrecadou? Quantos doadores tiveram? O que foi feito com esse dinheiro? Quais foram os itens comprados? Quando foram entregues? A instituição citou algum prazo na entrega das doações?

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Tenha cuidado: muitos influenciadores, blogueiros e pessoas físicas estão promovendo ações de arrecadação de verba para apoiar causas na crise do Coronavírus. Evite fazer transferências bancárias para contas de pessoas físicas e dê preferência para doações diretamente para a Instituição que será beneficiada pela campanha.

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Finalmente:

A relação do doador com o beneficiário deve ser baseada no tripé: confiança, transparência e seriedade. Todos esses ensinamentos valem para sempre, mesmo após a pandemia pela qual estamos passando.

Lembre-se que o ingênuo quase sempre age com boa fé. Fique atento, pois como nos ensinou o escritor Millor Fernandes: “Viver é desenhar sem borracha”.

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E contra golpes e malandros, a prudência ainda é o melhor antivírus que existe.