O Natal do ano passado minha filha pediu uma bicicleta. Quando perguntei que cor ela gostaria, me respondeu: “Pai, eu não sei. Não sou eu que vou decidir, é o Papai Noel! Ele que vai fazer e entregar a bicicleta”.
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Ainda acho uma delícia descobrir, Natal após Natal, que minha filha ainda crê no bom velhinho. Este ano resolvi olhar os emails no seu computador de estudos e ela tinha enviado uma mensagem para papainoel@gmail.com pedindo um tablet. Não sei se o email funciona, nem se alguém vai responde-la (estou de olho, até agora nada). Mas, semana que vem, quando ela abrir o presente e encontrar um tablet, tenho certeza que terá mais um sinal de que o Papai Noel existe.
Um leitor mais desencantado pode estar preocupado com uma criança de oito anos que ainda acredita em Papai Noel. Sinceramente, fico preocupado com as crianças que não acreditam.
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Nunca vou me esquecer do dia que perguntei para minha filha o que ela queria ser quando crescesse e ela respondeu: “Um unicórnio!”. O fascínio por unicórnios era tanto que, na escola, os garotos riam quando minha filha falava que era seu animal favorito. “Unicórnios não existem!”, eles diziam, para indignação da minha filha.
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Como pai, eu ficava entre contar a verdade para minha filha ou deixá-la saborear a delícia do faz de conta. Ela sonhava com unicórnios, queria encontrá-los no fim do arco-íris, esperava o dia em que um cavalo branco alado e com chifre pousaria no pátio da escola, calando todos os incrédulos.
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“Ora”, eu pensei, “nós adultos também acreditamos em tantas coisas que não existem. Dieta paleolítica, bitcoin, deixa a menina viver nesse mundo encantado!”. Tudo existe, porque tudo é inventado. Com o passar do tempo, minha filha foi entendendo que unicórnios existem só na nossa imaginação.
Sei que ela desconfia que talvez o Papai Noel não exista de verdade. Sei que ano que vem já não cairá nas pegadas de coelho que deixo pela casa. Sei que, um dia, essa menininha será adulta e terá uma visão bastante concreta do mundo e da vida. Um dia virão os filhos e, com eles, as árvores de Natal e os unicórnios. E talvez ela se lembre da menininha que foi.
Talvez seja pra isso que inventaram o Natal.
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