Não sei se foi o fato de não me incomodar a ideia de almoçar em um restaurante no domingo ou se a vontade de assistir um filme no cinema, mas aconteceu que, quando vi, a vida tinha voltado mais ou menos ao normal. Mais ou menos, digo, porque ainda estou sempre com três máscara no carro, uma fuleira para o ar livre, uma reforçada para lugares ventilados e uma daquelas top para locais fechados. De resto, a vida está quase normal.

Continua depois da publicidade

> Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Peguei alguns aviões nos últimos dias, dei palestras presenciais, tirei fotos com todas as pessoas que pediram. Quero dizer: ainda evito tirar foto sem máscara, apesar de um ou outro sempre pedir, sob o argumento de que ninguém vai reconhecer quem é na foto. Oras, minha barba ainda escapa por baixo da máscara, meus olhos azuis são inconfundíveis (dizia minha mãe) e a máscara é um marco temporal, uma prova de que estamos circa 2020 D.C., um artefato para mostrar para os netos, “veja minha foto com este escritor que era mais ou menos famoso e não aceitou tirar foto sem máscara na grande pandemia de 2020, ou era 2021?, tanto faz”. Acho que tem mais charme ali do que numa foto sem máscara.

No mais, quase tudo normal. Já não lavamos as compras do supermercado, nem andamos com garrafas de álcool gel pra lá e pra cá. Não tomo banho assim que chego da rua, não imagino o vírus em maçanetas, não tenho mais medo de buffet a quilo. Porém, tenho ainda paranoias naturais de um pós-pandemia. Ainda não entro em locais fechados sem imaginar gotículas de coronavirus flutuando no ar; ainda olho apavorado se alguma pessoa começa a tossir no avião; ainda não faço viagens de carro com desconhecidos sem todas as janelas abertas; ainda não aceito convites para almoço ou café se não sei que a pessoa está vacinada, mascarada, bem cuidada. Mas quase tudo igual.

> Leia outras colunas de Marcos Piangers

Continua depois da publicidade

Esses dias até alugamos uma casa na praia com um casal de amigos e ninguém usou máscara. Brindamos e rimos e uma pessoa até espirrou (“É rinite! É rinite!”, ele avisou), e conversamos sobre nossas neuroses bobas e sobre como nos alivia ver o pesadelo passando. Semana que vem, uma grande ousadia: vamos nos hospedar em um hotel na montanha. Malas prontas, vacinas em dia, minhas três máscaras preparadas para todo tipo de situação. A vida, aos poucos, vai voltando ao normal.

Leia também:

> Máscaras não serão mais obrigatórias em ambientes abertos em SC

> Capturada a maior espécie de cobra venenosa do Norte de SC

> Italiano passa 15 anos acreditando que namorava a modelo Alessandra Ambrósio