Quando pegamos o carro e voltamos de Floripa, preocupados pelo contato que tivemos com nossa amiga que acabara de receber o diagnóstico positivo para Covid, comecei a sentir todos aqueles sintomas imaginados por hipocondríacos nesta situação: dor de cabeça, coceira na garganta, tontura. Assim que chegamos em casa, me deitei na cama no que poderia ser tanto cansaço por ter acordado antes das cinco da manhã quanto a doença se apossando do meu corpo. Ou apenas imaginação, vai saber.

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Desde que a pandemia começou brincávamos que a Dani seria nossa primeira amiga infectada. O próprio sobrenome da menina, Entrudo, é o nome dos primeiros tipos de Carnaval de rua que os portugueses trouxeram pro Brasil. Por quase dois anos patrulhávamos, em nosso grupo de WhatsApp, a ousadia da Dani ao sair de casa, ver amigos, beijar contatinhos, sair pra beber com amigas e, preciso ser justo, trabalhar em projetos que ajudam população de rua. Por conta deste último ponto, Dani foi uma das primeiras amigas a se vacinar e a primeira a tomar a terceira dose. Quando recebeu na nossa frente a notícia de que a sócia, com quem havia passado o Réveillon, estava com Covid, todos brincamos que a profecia estava se concretizando.

> Sonhos

Depois de um Carnaval cancelado, 18 meses presos dentro de casa, um Réveillon no apartamento e um verão sem encontrar os amigos, estávamos finalmente nos encontrando para que ela, claro que seria ela, pudesse nos presentear com a mais temida experiência do mundo exterior.

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Levei Dani para procurar testes, mas não havia testes em lugar nenhum da cidade. Havia filas. E não havia informações sobre quantas pessoas estavam infectadas pela variante Ômicron no Brasil, mas ouvíamos histórias por toda parte. A população brasileira estava dividida entre quem estava infectado e quem ainda não sabia que estava infectado. Quando finalmente fez o teste positivo, decidimos que a coisa certa era encerrar o verão. Cada um para a sua casa, fazer teste, não passar a doença adiante.

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Do grupo, apenas o meu teste deu positivo. Tive dor de garganta e tosse, e muito cuidado para não passar a doença pra Ana e as meninas. Minhas filhas me trazem café da manhã, almoço e jantar em uma bandeja, que deixam no chão fora do quarto. “Seu almoço está pronto, senhor”, me escreve a pequena pelo WhatsApp. “Obrigado pela preferência. Se puder deixar uma resenha no CovidAdvisor agradecemos”. Já, já estou melhor. E ano que vem completamos o verão interrompido.

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