Tudo impressionantemente igual. O site da empresa aérea dando pau, o app não faz check-in, a atendente por telefone não consegue achar meu cadastro, um ano e meio depois. O movimento no aeroporto é o mesmo de sempre, sete horas da manhã. Famílias, grupos de amigos, máscaras no queixo, nas caixas de som do aeroporto a moça avisa pra viajar apenas em caso de urgência, um casal gargalha atrás de mim comendo um sanduíche de peito de peru.
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As placas mostram quais são as máscaras permitidas na aeronave, crianças correm felizes entre os separadores de fila de embarque, se forma antes da hora, como sempre. O atendente avisa que o voo está lotado e quem quiser despachar a bagagem gratuitamente deve se dirigir ao guichê.
No avião, as famílias estão empolgadas com as férias, todo mundo conversa, a aeromoça me pergunta se eu sou o Eduardo e ao ouvir a negativa diz no rádio: “o passageiro não está a bordo”. O comandante anuncia a decolagem do avião foi autorizada. Achei apropriado não servirem snacks durante o voo, mas esperava um salgadinho de bacon na saída da aeronave.
Estou há 16 meses sem fazer palestras presenciais. Contudo, tudo está incrivelmente igual. Pessoal da técnica, os cabos, a iluminação, o cooffe break, o palco baixo, os microfones. Na hora da fala, tirei a máscara, subi ao palco, tentei dar uma palestra emocionante, com toques de humor.
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A plateia tinha o público de feiras: homens e mulheres na casa dos 30 aos 50 anos, todos arrumados. Pensei, antes de ver o público, em falar de estratégia, filósofos estoicos, as histórias do Thomas Edison. Mas o clima pedia mais histórias pessoais, piadas, interações. Mistura de choro e riso. No fim, palmas de pé. “Algumas pessoas querem tirar fotos”, a cerimonialista me disse.
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Sem problemas. Recoloquei a máscara N95, uma fila se formou, e novamente: tudo incrivelmente igual. Fotos oficiais com fotógrafo, selfies de celular, pessoas carinhosas dizendo que gostaram, choraram, amaram, etc… Pessoas muito queridas. Um ano e meio depois, sem viagens de avião desde março de 2020, sem eventos presenciais por todo esse tempo, achei o mundo igual. Impressionantemente igual. Avisem quem ainda está de quarentena.
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