Faz algum tempo, eu estava assistindo o documentário póstumo do Anthony Bourdain, aquele chefe de cozinha que viajava o mundo comendo as melhores comidas e se hospedando nos melhores hotéis. Minha mãe ama o Anthony Bourdain e todo domingo, às sete horas da noite, ela dizia que tinha um “encontro marcado com o meu gato”, parava tudo o que estava fazendo para assistir o programa dele. Lembro que passei uns meses até contar pra ela que o Anthony Bourdain não estava mais vivo.
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Pois bem, lá pelo fim do documentário Anthony entrevista o músico Iggy Pop e pergunta o que o faz continuar cantando, depois de velho. “Vai parecer piegas ou clichê, mas é por amor. Eu quero continuar recebendo amor”, ele responde. É isso. Queremos, durante toda a vida, apenas uma coisa: amor. Nos tornamos educados para receber o amor dos pais. Tiramos boas notas pelo amor do professor. Bom desempenho profissional pelo amor do chefe. Contamos piadas por amor, casamos por amor, ostentamos por amor. “Me amem”, é o que pedimos a vida toda, de várias maneiras diferentes.
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Uns postam no LinkedIn os feitos extraordinários. Outros compram um carro novo. Mesmo as pessoas que já conquistaram tudo continuam desejando amor. O milionário continua trabalhando pois acha que será mais amado quando for bilionário. Me amem. O bilionário continua dando entrevistas para mostrar como é inteligente. Me amem. O multibilionário mostra orgulhoso a ONG dele. Me amem. Por favor, me amem.
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Então, lembro novamente do documentário. Anthony está em Paris e pergunta ao entrevistado onde ele é mais feliz. A resposta é: “Em casa com as minhas filhas”. O rosto de Bourdain se ilumina. Ele sorri e diz algo assim: “Eu também! O lugar do mundo que sou mais feliz é quando estou fazendo um hambúrguer tosco no quintal de casa, com a minha filha”.
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Está ali um homem que viaja o mundo todo, come nos melhores restaurantes e entrevista as pessoas mais interessantes do planeta – e é feliz de verdade quando está vivendo uma vida simples. Recebendo o maior amor de todos, o amor deslumbrado, incondicional, desamparado de um filho pelo pai. Anthony Bourdain conheceu as riquezas do mundo, e descobriu que tinha tudo, no quintal de casa.
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