De tantos insultos que os pais modernos recebem, e são tantos (“Omissos! Permissivos! Ausentes!”), descontando aqueles insultos que os próprios pais se auto impõem (“Não tenho tempo com meu filho!” e “Meu filho está tempo demais na tecnologia” são os mais comuns), aquele que mais me intriga é o que diz que “Os pais de hoje em dia mimam demais os filhos”.

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Os pais um pouco mais antigos acham um absurdo algumas práticas modernas, como permitir que os filhos durmam na cama dos pais, ou interagir “excessivamente” com os filhos e organizar a agenda da semana de acordo com a agenda do filho. Enfim, quem é pai hoje em dia sabe o que estou falando.

Não vou partir da régua do exagero: pais que não conseguem negar nada aos filhos e vivem em uma dependência psicológica deveriam procurar urgentemente um médico. Pais que não conseguem dizer não aos filhos, pais que fazem todas as vontades da criança, pais que não conseguem fazer os filhos comerem comida saudável, tomar banho, sair do videogame, estudar ou dormir na hora certa, sério, procurem ajuda. Mas quero apenas partir da absurda comparação geracional.

Crianças trabalharam por anos no campo e nas indústrias, muitas vezes em jornadas exaustivas e insalubres, até que coletivamente percebemos que aquilo era um equívoco. Fico imaginando os mais velhos naquela época: “Esses pais de hoje em dia estão mimando as crianças! Onde já se viu um filho de seis anos não trabalhar! Essa tal de escola está amolecendo nossos jovens!”.

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O argumento de que brincar com os filhos, dizer que os ama, compartilhar a cama, etc… formará uma geração pior não leva em conta o que vivemos hoje: uma sociedade agressiva, competitiva e cruel, que réplica muitas vezes uma rigidez que vem dos lares do passado. Não por acaso, também somos a geração mais solitária, sem laços afetivos bem estabelecidos. O “cada um por si” não funcionou.

Estar perto dos filhos e respeitá-los é uma correção de curso, não um desvio. Podemos, para alguns, parecer os piores pais do mundo, apenas por tratar nossos como gente: com respeito, empatia e atenção. Pra quem nunca teve isso, pode mesmo parecer algo de outro planeta.

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