Um amigo me perguntou que conselho eu daria para mim mesmo, se pudesse voltar 20 anos ao passado. O paradoxo dos conselhos que daríamos pra nós mesmos é que muito provavelmente os ignoraríamos. Eu, certamente, olharia com desdém para o velho de barbas brancas querendo me dizer como viver. Mesmo assim, eu teria um conselho para o jovem Marcos: nada na vida é tão ruim quanto parece e tudo pode ser superado.

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Em 1999 eu tinha acabado de entrar pra faculdade de jornalismo, depois de estudar com apostilas usadas por um ano inteiro. Minha mãe não tinha muito dinheiro sobrando e, por isso, fiz um cursinho preparatório para o vestibular onde os professores eram alunos da UFSC. Dessa forma, as mensalidades eram muito acessíveis e as aulas bastante razoáveis. Não tínhamos aqueles professores que cantam musiquinhas nem os aulões em ginásios, ou seja, largamos com alguma vantagem.

Estudei até o último minuto antes de entrar na sala do vestibular e, depois que o resultado saiu, lá estava o meu nome. Ainda na faculdade descolei um emprego em uma rádio local, onde conheci a Ana. Quando ela engravidou, minha carreira estava começando a decolar. Meu chefe, na época, me disse: “o que você fez com a sua vida!?”. Mas estávamos tão felizes que fomos comemorar no supermercado, comprando pacotes gigantes de fraldas PP.

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Ouvi esta pergunta muitas vezes: “o que você fez com a sua vida?”. Quando me mudei de cidade para apostar em um projeto profissional. Quando as contas não fechavam nos primeiros anos de paternidade. Quando meu casamento entrou em crise. Quando larguei um emprego estável para estar mais perto da família. Por vezes, eu mesmo me perguntei: “o que você fez com a sua vida?”. Mas uma coisa que não nos dizem é que a vida é longa. Nada na vida é tão ruim quanto parece. Tudo pode ser superado.

Nos momentos bons, eu e minha filha nos olhamos e repetimos juntos: “Coisa boa tá vivo!”. Aprendemos a cultivar uma vida simples e agradecida. Tudo o que está ao nosso redor nos encanta. Coisa boa estar vivo. Mesmo com todas as lutas e percalços, como é bom estar vivo. Mesmo com as limitações e as angústias, como é bom estar vivo. Aqui está a resposta: degustar cada momento de alegria. Se alguém perguntar o que fiz com a minha vida, digam que fiz isso.

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