Olhar a vida de trás pra frente é o que faz as coisas terem algum sentido. Quando a gente olha pra trás e vê que fazia todo sentido ter largado aquele emprego. Quando a gente olha pra trás e percebe que os amigos foram selecionados pelo tempo – e só ficaram os bons. Quando você olha pra trás e vê o quanto evoluiu em questões que hoje parecem óbvias. Na época, tudo parecia mais confuso e complicado. Lembro do medo e da angústia de não saber o que estava do outro lado das decisões que tomei. Olhando de trás pra frente, tudo é mais tranquilo e óbvio. “A vida só pode ser compreendida olhando pra trás”, disse Kierkegaard, “mas só pode ser vivida olhando pra frente”.

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Quando uma atleta sobe no pódio olímpico, uma atriz recebe o Oscar ou uma mulher é a primeira CEO, astronauta, escaladora do Everest, e alguém pergunta para essa mulher sobre a criação, ouço muitas vezes a resposta: “Meus pais sempre me apoiaram”. É esse o pai que quero ser. Não pelo sucesso dos filhos, apenas, pois acho que para cada exemplo de vitória existem outros tantos que sofreram e desistiram. Mesmo os que sofreram e desistiram, se ao serem perguntados disserem: “Meus pais sempre me apoiaram”, estão na verdade dizendo “Obrigado, pais, por terem tentado comigo”. E pra mim, esses pais já são vencedores.

O pai que não quero ser é aquele que exige dos filhos sucesso a qualquer preço. Não quero ser aquele que quer que o filho seja o que a sociedade espera que ele seja. Prefiro a coragem ao bom comportamento. Não quero ser o pai que quer se realizar no filho, exigindo que alcance sucesso em um caminho que o próprio pai não conseguiu destaque. Prefiro a audácia. Não quero ser o pai que espera do filho um comportamento definitivo e previsível. Não quero ser o pai que só amará o filho se ele se moldar aos seus desejos. Quero ser o pai que diz: “Estarei do seu lado. Nem atrás te empurrando, nem na frente te impedindo. Por mais difícil que seja o caminho, pelo menos terás companhia”.

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Tenho certeza de que não é fácil ser esse pai. Quando seu filho decide ser alguém, isso é sempre assustador. Quando ele decide ser um atleta, a despeito da falta de patrocínio; quando sua filha decide ser atriz, com todos os desafios que a profissão impõe; quando seus filhos decidirem quebrar os padrões, decidem que farão aquilo que ninguém nunca fez, sem medo dos abomináveis perigos que encontrarão, nestes momentos é muito difícil ser o pai que eu quero ser. Minha tendência é dizer: “Não! Olha o perigo! Vá pelo caminho mais fácil!”.

Mas nossos filhos não nasceram para andar com bicicletas de rodinha pra sempre. Nossos filhos nasceram para seguirem seus sonhos, como Wendy seguindo Peter Pan a Terra do Nunca. Diremos: “Filha! Não vá! E se você cair?”. Ao que ouviremos: “Mas, pai, e se eu voar?”.

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