A primeira vez que ouvi de alguém que se informava apenas pelo WhatsApp foi um motorista de Uber. “Você viu no grupo?”, ele me perguntou, quando comentei alguma novidade da economia nacional. “Como assim no grupo? Vi em um site de notícia”, eu disse. “Ah, eu só leio notícia de grupo”, ele disse. Pensei por alguns segundos que seria um ancião, se informando ainda nos saudosos grupos de chat do UOL, ou quem sabe em algum grupo de notícias do finado Orkut. Foi quando me toquei. O cara só lia notícia em grupos de WhatsApp. Isso faz uns cinco anos e a tendência só aumenta.

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Dizem que foi o Mcluham que disse: “Nós criamos a tecnologia e a tecnologia nos transforma”. Comprovado está: há dez anos não tínhamos urgência alguma em responder mensagens, e-mails, ligações, comentários de redes sociais. Fomos seduzidos pelo celular e, pois bem, aqui estamos: atolados em trabalho, dormindo pouco e longe da família, mas ainda assim até as 3h falando bobagem nos grupos. E mandando figurinhas.

Felicidade moderna é quando temos a figurinha perfeita para responder qualquer coisa. Quando um amigo conta algo impressionante, a cara do Obama escrito “RAPAZ…”; quando alguém compartilha uma conquista, a figurinha do Joel Santana fazendo “VERY GÚD!”; quando alguém apaga uma mensagem, e temos a figurinha do Inri Cristo dizendo “DEUS LEU O QUE VOCÊ APAGOU”.

Há míseros dez anos ainda mandávamos SMS. As mensagens ficavam todas desorganizadas. As telas de nossos Motorolas eram em preto e branco. Jogávamos o jogo da cobrinha. De cinco anos pra cá o WhatsApp foi se tornando o centro da comunicação moderna.

Está ali, agora, nosso contato com a família, trabalho, amigos do futebol, fotos memoráveis (algumas impróprias) e até alguns PDFs com artigos interessantes que jamais iremos ler. É algo tão importante que da última vez que o WhatsApp saiu do ar algumas famílias tiveram que conversar, ao vivo! Algo que não acontecia há tempos. Vejam como as coisas mudam.

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