Acontece que a gente se desentende uma, duas, três vezes e daí é aquilo de “sai pra lá e depois a gente conversa”. Vai crescendo dentro da gente aquele orgulho bobo. O orgulhoso prefere se perder do que perguntar o caminho. O casal não conversa e fica uns dias esquisito. Se deixar muito tempo assim, parece que acabou o amor.
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A gente começa a perguntar pra gente mesmo. Será que tem jeito esse negócio? Até que você fala uma coisa engraçada, a gente se esbarra na cozinha, seu pé encosta no meu na cama antes de dormir e, na verdade, não acabou coisa nenhuma, volta tudo de novo e parece que a gente está namorando novamente.
Por uns dias vai ser “meu amor” isso e “meu amor” aquilo e as crianças vão até estranhar. Vai ter eu segurando a porta pra você, jogando lá fora o saco de lixo, ligando no meio da tarde pra contar uma bobagem. Vai ter filme e vinho hoje à noite, vamos naquele sushi que você gosta, talvez a sogra fique com as crianças. Começo a caminhar pela cidade bobo, passeio assoviando pela rua, e a TV passa que homens que passeiam pela rua assoviando são idiotas e os amigos comentam que gente que se apaixona só se dá mal.
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Vai me dando até uma vergonha, será que eu não tô fazendo papel de otário. Daí entorta uma resposta no café da manhã e não estamos no melhor dos dias, as crianças estão gritando e estamos com fome e nos desentendemos uma, duas, três vezes e meu Deus do céu, como é que pode uma pessoa ser assim? E você não me entende e você não faz ideia do que passo e você fez aquilo aquele dia e ah, me poupe. Cada um para o seu lado novamente.
O orgulhoso prefere se perder do que perguntar o caminho. Por isso, o orgulhoso está sempre perdido. E a gente fica se perguntando se o amor acabou. Deve ter acabado depois dessa. E eu fico esperando alguma oportunidade de falar algo engraçado e se você der risada vai me dar uma esperança. E tomara que a gente se esbarre na cozinha, tomara que os pés se encontrem de noite na cama. E tomara que não tenha acabado.
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Digo, talvez a gente envelheça mesmo juntos. Fique murcho e de cabelo branco junto. Com nossos pés ossudos se encostando de vez em quando, com nossas dentaduras do lado da cama. Rindo juntos do tempo que não volta mais. E do tempo que perdemos com orgulho bobo.
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