Minha esposa escolheu o nome da nossa primeira filha antes de sabermos se seria menino ou menina. Ela queria um nome forte e com personalidade. Considerou adequado imaginar que a menina seria sua miniatura: ela se chama Ana, nossa menininha portanto se chamaria Anita.
Continua depois da publicidade
> Saiba como receber notícias de Santa Catarina no WhatsApp
> Leia a cobertura especial sobre os 200 anos de Anita Garibaldi
Certa vez, estávamos no elevador do prédio quando um vizinho perguntou o nome da minha filha, na época ela tinha uns cinco anos.
– Anita Garibaldi Piangers – ela respondeu.
Continua depois da publicidade
O vizinho me olhou estranho e tive que explicar que o “Garibaldi” era invenção dela, que estava muito interessada pela história da heroína catarinense.
Alguns meses antes tínhamos viajado de Porto Alegre a Florianópolis, de carro, só eu e Anita, e fiz questão de passar por Laguna, para mostrar o museu dedicado à catarinense mais famosa.
Mostrei os móveis antigos, as fotos, a cama e o armário, e Anita me perguntou:
– Onde está ela, pai?.
Engasguei. Nunca tinha falado com minha filha sobre a morte. Acho que ela nem sabia que as pessoas deixavam de viver. Fiquei pensando o que responder. Digo que ela está no céu? Digo que ficou velha e morreu? Conto a verdade, o triste fim de Anita Garibaldi, doente, grávida e fugitiva?
– Ela não está aqui, filha – foi o que respondi.
– De noite ela deve vir dormir – disse minha filha.
> Anita Garibaldi: exposição desvenda fake news sobre a heroína de dois mundos
Levamos do museu um quadro de lembrança, onde está escrito Casa de Anita. Temos este quadro até hoje pendurado na parede da sala. Anita, por algum tempo, adotou o sobrenome Garibaldi. Quando fomos buscá-la pela primeira vez no clube de natação, perguntamos onde estava Anita Piangers. A moça da recepção disse:
Continua depois da publicidade
– A única Anita que temos fazendo aula aqui disse que se chama Anita Garibaldi.
Minha Anita, pequena Ana, cresceu uma menina forte. Me orgulho de como ela busca ser justa. Luta pelo que é certo, reclama seus direitos, respeita os outros. Quando perguntam o nome da minha filha e digo “Anita”, todos dizem: “que nome forte!”.
E respondo: “Se você acha o nome forte é porque não conhece a menina”.
Leia também
Garibaldi, vítima de fake news em 1840
Anita Garibaldi foi enterrada sete vezes e nenhuma em Santa Catarina