Os dias de praia são mais coloridos e complicados graças aos argentinos, com as respectivas peculiaridades no trânsito (carros argentinos, pelo que consta, não possuem pisca alerta) e o estilo chamativo, seja pelas roupas, pela forma ruidosa com que se comunicam, ou ainda pelas diversas marcas de queimaduras solares nas peles. É cômico e ao mesmo tempo trágico ver as marcas do bronzeado argentino, geralmente em formato de dedos que conseguiram alcançar as costas até determinado local, deixando todo o resto em um chamativo tom de vermelho camarão.

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É cômico e ao mesmo tempo trágico ver as marcas do bronzeado argentino, geralmente em formato de dedos que conseguiram alcançar as costas até determinado local (…)

Dia desses observava alguns argentinos jogando aquela bocha portenha, com discos de madeira e quadra desenhada na areia. Nunca entendi aquele jogo. Jogam um disco de madeira e, dependendo de onde o disco para, comemoram ou reclamam. Quando o sol se pôs os hermanos saíram pela praia catando todos os lixos da praia. Eram duas famílias, adultos e crianças catando papel de picolé e casca de milho. Uma coisa bonita e rara de se ver. Me deu esperança nos argentinos.

Sinto simpatia pelos hermanos. Tenho apreciado os filmes com o Ricardo Darin. Percebo que minha mãe o admira também, talvez até sinta por ele algo mais do que admiração, visto que suspira quando ele aparece na tela. Gosto do talento — mas acima de tudo da simpatia — do tenista argentino Juan Del Potro. Sempre divertido e cortês, trata fãs e adversários com respeito. Amo os desenhos do Ricardo Liniers. Me empolgo com as palavras do Papa Francisco. Vibro com o futebol do Messi. Não entendo de futebol, mas me parece que o Messi é melhor jogador do que muitos dos ídolos brasileiros. Talvez seja melhor que o Romário, que o Zico. Não melhor que o Pelé, evidentemente.

Talvez Messi seja melhor que o Romário, que o Zico. Não melhor que o Pelé.

Nestes dias de praia vivemos cercados de argentinos. Bermudas curtas, carros com placa preta, gritos no meio da rua, grupos que cantam alto depois de tomarem três ou dez cervejas geladas. Veja bem, já tive tudo contra os argentinos e hoje não tenho nada. Que venham se divertir. Que o castelhano se transforme no idioma oficial da beira do mar, por dois meses. Que cantem e encham nossas praias de cor e alegria. E que, se possível, aprendam a dar o pisca quando pretendem fazer uma curva. 

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