Ele era um executivo de uma famosa empresa de varejo digital e, quando me viu no camarim, gritou de longe: “Papai pop!”. Veio tirar uma selfie, enquanto contava que estava se separando, uma coisa traumática para o filho pequeno, e que as coisas estavam muito esquisitas em casa. “Estou me separando, mas já disse pro meu filho: pai só existe um! Pai sou eu e mais ninguém! Minha ex-mulher pode até namorar, mas pai só tem um!”.
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Não concordo com ele. Quando dizemos esse tipo de coisa estamos dizendo apenas que amamos mais nós mesmos do que nossos filhos. Se queremos realmente o melhor para nossos filhos depois de uma separação, desejaríamos que nossa ex-mulher encontrasse alguém tão bom quanto nós. De preferência melhor. Melhor pai que nós. Melhor marido que nós. Você coloca o orgulho de lado pelos filhos.
Se algum dia eu vier a me separar (estou batendo na madeira agora), quero para minha esposa um homem melhor que eu. Ela merece alguém bom. Que saiba que ela gosta de rir de piadas bobas, que adora comida asiática, que toma chardonnay gelado. Que saiba que minhas filhas gostam de batida de morango com banana. Que as ajude na lição de casa. Que seja gentil e bem humorado, para que elas sejam sempre felizes ao lado dele. Um outro pai, que as trate bem e que as guie.
Filhos com dois pais, se forem bons dois pais, serão mais felizes. Serão mais felizes do que em um relacionamento deteriorado. Serão mais felizes do que com um pai ausente. Serão mais felizes do que com um pai possessivo.
Nossos filhos não são nossos. Nossos filhos são do mundo. São como pássaros, mirando o mais alto do céu. Que possam ter ajuda para voar, sempre que precisarem. Mesmo quando não estivermos lá para ajudar.
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