Não sei se isso aconteceu com a família de vocês, mas este ano estamos tentando fazer absolutamente tudo ao contrário do que fizemos ano passado. Todos vestimos preto e mergulhamos de roupa as sete ondas, não na virada do ano, de jeito nenhum, fizemos isso no meio do mês pra não ter nem chance de Iemanjá nos confundir com oferenda. Selecionamos as melhores romãs do mercado, separamos as três sementes que comíamos todo réveillon e jogamos na panela da lentilha – que, obviamente, não tinha lentilha, tinha feijão mesmo.

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Não bebemos espumante, como fizemos nos anos passados, bebemos cerveja (a mais barata!) em copo de requeijão. Na hora da virada, colocamos nossas piores roupas e, ao invés da contagem regressiva, fizemos uma contagem progressiva: 1, 2, 3, 4, e um roquenrrou explodiu nas caixas de som, minha mãe deu um salto de susto. Ao invés das roupas de baixo com cores específicas para atrair amor, dinheiro e paz, este ano todo mundo não usou roupa de baixo, muito mais fresquinho.

É fato que nossas superstições não estavam funcionando, precisávamos dar uma renovada. No ano passado, cumprimos rigorosamente todas as tradições e colhemos um ano de caos, insegurança financeira e dificuldades na saúde. Chegou a hora de quebrar as tradições! Nada de frutas cristalizadas! Nada de dinheiro no sapato! Nada de folha de louro na carteira!

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Nada de retrospectiva da Globo, nem de Especial do Roberto Carlos! Nossas televisões ficaram desligadas, nosso som não tocou Ivan Lins, nossas janelas permaneceram fechadas, não vimos os fogos de artifício. À meia noite, desejamos uns aos outros tudo de ruim, desejando que funcione ao contrário. Cantamos: “Que nada se realize… no ano que vai nascer… pouco dinheiro no bolso… doença pra dar e vender!”. Os vizinhos ficaram horrorizados.

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