Certa vez, eu estava em um jantar em uma cidade pequena do interior rodeado de educadores e psicólogos da região, depois de uma palestra. Discutíamos se dormir com os filhos era um comportamento saudável ou terrível, as opiniões se dividiam igualmente. Sem nenhuma exaltação, um lado enumerava os malefícios de uma criança dividir a cama com os pais: disfunção na relação do casal, sono de má qualidade, perigos de sufocar a criança, a lista era longa.
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Passada a conversa, chegaram os pratos, e a psicóloga que estava sentada ao meu lado me puxou de canto.
– Sempre fui contra dormir com crianças. Até que uma paciente perdeu o filho e, repetidamente, me falava nas sessões que sua maior saudade era dormir abraçada com ele. A partir dali, até eu passei a dormir com o meu – me contou baixinho.
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Tenho amigos que perderam filhos. Um deles me disse que aprendeu três coisas: jamais brigar com o filho; jamais deixar de aproveitar sua presença; jamais deixar uma comemoração pra depois. Esse meu amigo agora tem duas filhas.
Para algumas pessoas, pensar na morte é algo sombrio e desconfortável. Mas tudo se acaba. Os romanos chamavam de Memento Mari: lembre-se que acaba. Lembre-se que você é mortal. Olhar para as pessoas que amamos lembrando que irão embora é uma forma de valorizá-las.
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Li, dia desses, os conselhos que um pai em luto deixou para outros pais:
– Todo o amor e beijos em seu filho nunca serão demais – ele escreveu.
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– Você sempre tem tempo. Pare o que está fazendo, nem que seja por um minuto. Nada é tão importante, que não possa esperar. Tire o máximo de fotos e os filmes que conseguir. Cantem juntos. Aprecie as pequenas coisas. Sempre dê um beijo de despedida nas pessoas que você ama. Faça as coisas chatas ficarem divertidas. Seja bobo, conte piadas, ria, sorria e divirtam-se juntos. Se você tem seu filho com você, dê-lhe um beijo de boa noite. Tome café da manhã com ele, leve-o à escola, à faculdade, assista a eles se casando. Você é abençoado. Nunca se esqueça disso.
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