Ninguém nunca pensou que uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pudesse ser humanizada.
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Por que se ela não é, o que seria?
Daí, você vê. Há como humanizar até a UTI.
A UTI costuma assustar pacientes e familiares. Muito se deve ao fato de ser um local de pouco acesso, associado ao isolamento e à gravidade dos problemas de saúde. Porém, o cuidado intensivo salva muitas vidas.
Eu mesmo, que assino esta coluna, estive com um parente em coma. Fui o primeiro a vê-lo se levantar. A se olhar no espelho. A se identificar.
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Um dos hospitais da Ilha, o SOS Cárdio, iniciou um processo de envolvimento dos familiares na UTI.
(Breve pausa)
Já estive nesse hospital.
Me plugaram algumas coisas.
Sobrevivi.
(De volta à pausa)
Fundamentado em estudos científicos e em experiências em outros locais do Brasil e do mundo, o hospital já citado foi o primeiro em Santa Catarina e um dos pioneiros no país a abrir as portas de sua UTI para que os pacientes pudessem ter sempre um familiar por perto. O projeto já tem um ano e o resultado, desde então, dizem, é surpreendente.
O projeto de abertura da UTI para a presença de familiares se iniciou com a chamada visita estendida, uma iniciativa realizada em 2014. Os benefícios eram visíveis, tanto para os pacientes quanto para seus familiares e, ainda, para a própria equipe multidisciplinar da UTI.
Porém, para que o projeto evoluísse para o acompanhamento em tempo integral de um familiar para todos os pacientes, foram estudados e definidos protocolos especiais. Afinal, a permanência de pessoas não treinadas dentro de uma Unidade de Terapia Intensiva não é algo simples. Para que isso aconteça, é necessário um grande esforço e investimento da equipe em triagem, orientação e supervisão dos familiares.
Entenda
No Hospital SOS Cárdio, entendemos que toda UTI é “humanizada”, já que o atendimento prestado nestas unidades é de extremo cuidado técnico e humano. Porém, esta expressão tem sido empregada para designar Unidades de Terapia Intensiva que adotam a presença de acompanhantes, em tempo integral, junto aos pacientes internados.
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_ A UTI não pode mais ser uma caixa preta, em que ninguém sabe o que está acontecendo, temos que caminhar exatamente na direção óbvia e contrária. A UTI humanizada é a nossa forma de respeitar o direito das famílias _ diz o médico Fernando Graça Aranha.
O acompanhamento presencial do familiar na UTI, ao mesmo tempo em que é benéfico ao paciente, reduz a ansiedade da família com a transparência total. Elimina a angústia da espera por notícias, auxilia a tirar dúvidas e oferece a oportunidade de participar do cuidado do paciente internado.
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