Não, óbvio que não, responderia a multidão que tomou as ruas do país em protestos nos últimos anos.
Que o diga a Papuda, após receber a Geddel e também a João Rodrigues. Seja por R$ 51 milhões de reais, seja pela licitação de uma retroescavadeira, ali estão os mesmos metros quadrados de cubículo. 
Só que ainda tá mal resolvida essa coisa da tolerância zero por aqui.

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Vejam só: a Lei é Seca, mas os motoristas são presos ao beberem “xis vezes mais do que a tolerância permitida”. No índice de álcool, a tolerância permitida é de 0,04 miligramas por litro de ar expelido dos pulmões.

E no percentual de dinheiro público no bolso?

Há quem tenha tratado como dentro da margem de tolerância, desde o início da Operação Ouvidos Moucos, valores como os R$ 650 referentes a metade de cada uma das bolsas pagas pela Capes para financiar o ensino a distância no país. Uma equipe da NSC TV está debruçada sobre o relatório final das investigações da Polícia Federal na UFSC e mostra, a cada dia, que houve uma série de irregularidades. Entre outras, escancaradamente, professores pediam de volta a metade da bolsa que tinham direito a dar. Se a bolsa fosse de R$ 2 e ele pedisse R$ 1, estava tudo ok?

(Só a título de curiosidade, não chega a R$ 3 mil o valor destinado pelo poder público para manter um aluno brasileiro na educação básica ao longo de um ano inteiro).

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Não é quanto. É como. Por quem. E pra quê.

O combate à corrupção não tem margem de tolerância, nem abre precedente para a sensação de que, se tem diploma, “doutô” tá liberado pra andar fora da linha ao mexer com dinheiro público, “desde que o desvio não seja vultuoso”…

Ouvidos Moucos é um dos melhores nomes de operações da PF. Porque, diante dela, muitos têm demonstrado fazer ouvidos moucos a um roubo qualquer. Quanto roubo precisa?
Já basta o que a nossa cultura naturalizou com a máxima “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”.

Ladrão que rouba menos de um milhão, não!

 

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