Quando você se deita na cama para doar sangue e vê aquela agulha retirar uma generosa porção para doação, você pensa das duas uma:
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1- No famoso meme do cara que diz: “Cacete de agulha”.
2- Estou fazendo um bem a pessoas que precisam.
Se você pensou na primeira, de fato, um agulhada daquelas pode doer, mas não é tanto. Se pensou na segunda, nem todo o bem que você pensa fazer estar sendo feito.
Do sangue, se extraem glóbulos vermelhos, plaquetas e plasma. Servem para transfusões e uma série de outras coisas.
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O plasma, por exemplo. É a parte mais líquida do sangue. Aquela que você vê fluir cateter adentro, enchendo a bolsa, dando tontura e precisando de uma bolacha Maria e um suco de laranja depois.
Do plasma recolhido no Hemocentro de Florianópolis, uma parte vai para hospitais. Outra parte para o lixo.
Você bota o braço, aceita a agulha, come lanche e tem boa parte de seu sangue descartado, sem saber.
A burocracia criou em Pernambuco uma estatal chamada Hemobrás. É para lá que devem ir os plasmas.
O plasma, que ora corre em suas veias, indo e vindo do pé ao pescoço, serve para tratar hemorragias. Outra parte do plasma vai às indústrias que produzem fatores de coagulação, que servem aos hemofílicos.
Os hemofílicos precisam de sangue. A logística desse sangue tem de percorrer o Brasil em caminhões refrigerados, chegar a Pernambuco e de lá ser distribuído.
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Como o plasma de qualquer um, em qualquer estado, o sangue tem de vencer o Brasil até Pernambuco, onde decidiram instalar a Hemobrás. A Hemobrás ainda não deu certo. Enquanto não dá, parte do sangue que você doa, também não.
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