Pedidos de “intervenção militar” levam membros das Forças Armadas a flertar com um novo 1964. Oficiais mais antigos, porém, querem que alguém deles seja candidato sob as regras democráticas e, em vez de Jair Bolsonaro, insuflam o nome do general da reserva Augusto Heleno Ribeiro.

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Heleno já é figura carimbada nos jornais do centro do país, foi o primeiro comandante das Forças de Paz da ONU no Haiti, em 2004, e nunca deixou de dar opiniões contundentes mesmo quando estava na ativa. Seguem trechos de nossa conversa:

O senhor é candidato?

Heleno: Por enquanto, resisti às pressões. Sinto-me lisonjeado pela lembrança, mas, para começar, não sou filiado. O preço de uma campanha é impossível de ser bancado com recursos próprios. Obtê-los, por vezes, significa assumir compromissos indesejados.

Qual sua opinião sobre uma intervenção militar?

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Heleno: Sou convictamente contra. A população disporá pelo voto, em outubro, das condições para renovar o quadro político nacional. Reconheço, todavia, ser a intervenção das Forças Armadas o instrumento previsto na Constituição para sanar uma possível falência das instituições nacionais e uma situação de caos interno.

Como vê um cenário em que concorram Lula e Bolsonaro?

Heleno: A partir da decisão do TRF-4, esse cenário se tornou impensável. Não consigo admitir que o Brasil, com nossa dimensão estratégica, se apresente ao mundo tendo como candidato um condenado pela Justiça, por corrupção e lavagem de dinheiro. É vergonha e deboche para a nossa História.

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