Por Ânderson Silva, interino
Santa Catarina foi um dos Estados onde a paralisação dos caminhoneiros se manteve por mais tempo, além de ter concentrado o segundo maior número de bloqueios nos 10 dias de greve. A leitura nos bastidores é que o movimento catarinense seguiu uma tendência nacional, mas com algumas particularidades. Inicialmente, o envolvimento de empresas no apoio à ação, chamada de locaute, ajudou a mobilizar trabalhadores. No Estado, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) investigam o ato, considerado ilegal. Dentro do governo catarinense, nos primeiros dias de greve, a expectativa era por uma ação da presidência da República. Por isso, a demora na ação das forças de segurança. A primeira tentativa, quinta-feira passada, não funcionou. O presidente Michel Temer (MDB) anunciou um acordo que não vingou. No domingo, o governo federal mais uma vez divulgou concessões, desta vez aceitas pela maior parte das entidades representativas do caminhoneiros. Por outro lado, naquele dia, o movimento ganhou o apoio popular com mais força. Foram atos em dezenas de cidades. Como na segunda-feira, os bloqueios em SC continuavam firmes e crescentes, a postura do governo estadual mudou. A decisão era clara: as rodovias precisavam ser desbloqueadas, fosse na conversa ou no uso da força. Entidades do setor produtivo pressionavam por uma solução. A partir de terça-feira, então, as polícias passaram a agir. Começaram por Biguaçu, na saída do terminal da Petrobras, e se espalharam pelo Estado. O mais complicado dos bloqueios, em Imbituba, foi enfrentado duas vezes. Na última delas, encerrada na madrugada de ontem, 23 foram detidos. Trezes deles continuaram presos após registro de ocorrência na Polícia Civil. Nenhum dos envolvidos era caminhoneiro.Uma leitura feita por fonte ouvida pela coluna é de que o conhecido associativismo catarinense, representado por associações de moradores e grupos comunitários, pode ter influenciado na permanência mais extensa do movimento no Estado. Soma-se a isso uma postura radical de parte dos manifestantes. Em algumas regiões, os pedidos por “intervenção militar” eram parte da bandeira com mais força do que em outras parte do país. Mas, a partir do momento que perceberam uma interferência externa aos caminhoneiros no controle com intenções difusas, as forças de segurança perceberam a hora de interferir.
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Será menos
Gerente de um posto de combustível da Capital diz que a redução da bomba no diesel será de R$ 0,26. O valor é R$ 0,20 abaixo dos R$ 0,46 anunciados por Michel Temer (MDB) no domingo passado. O funcionário do posto pretende imprimir a nota de compra do combustível e colar na bomba.
“Meu amigo, não há nenhuma ilusão. Essa conta será paga por todos os cidadãos brasileiros. O governo não fabrica dinheiro“. Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil da Presidência da República, em entrevista ontem de manhã na Rádio Gaúcha, de Porto Alegre (RS), sobre a redução no preço do diesel
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Teve praia
O primeiro dia de normalidade do abastecimento na Capital teve sol e praia. Os comerciantes, porém, esperavam mais. A greve dos caminhoneiros afastou muita gente. Mas quem tinha gasolina e estava em Florianópolis aproveitou. Ontem à tarde fez 27ºC e fez calor na cidade.
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