“Missão cumprida”.
Foi o que disse o presidente dos EUA, Donald Trump, ao atirar mais de cem mísseis contra a Síria, com apoio da Grã-Bretanha e da França.
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Cento e cinco mísseis, precisamente, que ele chamou de “legais e inteligentes” antes de lançá-los.
Um deles aparece numa imagem nesta página. Risca o céu sírio, em uma imagem bonita. Uma luz. Talvez uma estrela cadente, na visão de uma criança síria, que o tenha visto e dito: “Olha, uma estrela!”.
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Era uma dos 105 mísseis legais e inteligentes. Exatamente quem foi morto pelos mísseis, não saberemos. Rebeldes, crianças, adultos.
É assim em toda guerra.
Em 2003, os Estados Unidos inauguraram uma invasão com jornalistas embedados. Eram jornalistas que iam com as tropas, mas que tinham pouco acesso aos fatos. Uma invasão para capturar Saddam e acabar com as armas de extermínio em massa.
Não havia massas de extermínio em massa.
Nenhum dos mísseis atingiu Saddam, encontrado em um buraco, meses depois.
O que Vladimir Putin, Bashar Al-Assad e Trump fazem na Síria está muito longe de ser uma missão cumprida.
A inacreditável guerra na Síria
A Síria é um país antigo. Capital: Damasco. Volta ao noticiário de novo, embora a guerra se estenda.
Quando penso na Síria, lembro do menino Alan Kurdi. Ele tinha três anos. Teria cinco, hoje. À época, como hoje, sou contra a reprodução daquela imagem. Talvez porque um filho meu tivesse três anos na época, cinco hoje. Talvez por egoísmo de um paí. Talvez por alívio de não vê-lo ali, como ele.
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Não há lado certo na Síria. Há um ditador, uma Rússia e, agora (nem bem agora), uns Estados Unidos. Mas essa guerra tem uma circunstância em que não é possível crer, com três países envolvidos: nenhum deles parece disposto (nem os EUA, antes que me desmintam) a tirar quem está no centro disso: o ditador sírio.
Não há guerra contra a Síria. Há uma guerra na Síria envolvendo três países.
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