*Por Ânderson Silva, interino
Aparentemente tímida, a greve dos caminhoneiros iniciada na segunda-feira tomou proporções inesperadas. A reivindicação principal, o aumento do preço do diesel, tornou-se secundária e abriu margem para outras manifestações. A principal delas é contra a corrupção.
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Diferente de outras paralisações, essa não teve reação popular. Pelo contrário, a população catarinense, em sua maior parte, abraçou a causa. Até mesmo entidades civis organizadas passaram a apoiar o movimento. Os agricultores, atingidos pela falta de ração e do transporte de alimentos, também se aliaram. Enquanto isso, o governo federal bate cabeça e tenta achar uma solução. Ontem, em diferentes cidades, pessoas saíram às ruas em apoio aos caminhoneiros. Joinville, Chapecó, Criciúma, Joaçaba, Concórdia e Porto União foram alguns dos palcos onde os moradores aproveitaram o momento para gritar. Comerciantes fecharam as lojas para, em passeata, protestar. O que antes era a greve da uma categoria indignada com os altos preços, tornou-se a bandeira de uma população.
Desde esta quinta-feira, pelo visto, deixou de ser só pelo diesel. O tamanho do movimento a partir de hoje dependerá de uma reação do governo. Caso os pedidos dos caminhoneiros sejam atendidos, a tendência é de redução. Se isso não ocorrer em breve, a mobilização popular ganha corpo e aumenta a crise no país.
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Dependência
A mobilização dos caminhoneiros expôs, mais uma vez, a grande dependência do Brasil do transporte rodoviário. Por isso seria um bom momento para o país abrir os olhos para as ferrovias e até hidrovias. Mas, como em todos os momentos de crise, o governo deve em breve atender os pedidos dos motoristas, baixar o preço do diesel e tudo voltará o normal. Perderemos outra oportunidade de evoluir.
Confira: Todas as notícias da greve dos caminhoneiros em Santa Catarina
Abuso
Cobrar R$ 6,99 pelo litro de gasolina durante uma crise de falta do produto é, no mínimo, um abuso contra o consumidor. Se assemelha a quem eleva o preço da água durante períodos de enchente. O Procon é taxativo: a prática é proibida pelo Código do Consumidor. A orientação é guardar um comprovante e depois ligar no número 151 para denunciar.
Antes tarde
Os Procons municipal e estadual, em parceria com o Ministério Público, fizeram uma fiscalização conjunta em Florianópolis para combater os preços abusivos nos postos de combustíveis. O problema é que a ação foi ontem à tarde, quando poucos estabelecimentos ainda tinham gasolina. A prefeitura diz que as pessoas lesadas antes disso devem procura o Procon e levar a nota fiscal. Mesmo sendo, depois do esperado, a força-tarefa encontrou dois locais que vendiam o produto com valor considerado abusivo.
Expectativa
As forças de segurança de SC projetam uma diminuição do movimento dos caminhoneiros a partir de sexta-feira. No fim de semana a expectativa é que o ato reduza ainda mais.
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Liderança
O movimento de caminhoneiros em Santa Catarina não tem uma liderança. Em cada ponto de paralisação há um representante que coordena a ação. Isso dificulta a negociação das autoridades e diminui o controle sobre a greve.
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