Mark Zuckerberg passou por duas longas sabatinas esta semana.

Ele tem 32 anos. É criador e presidente do Facebook (dono também do WhatsApp). Foi convocado a prestar depoimento sobre o vazamento de dados confidenciais de usuários da rede.  

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O assunto era privacidade. Tipo a sua, agora.

Além da inevitável sequência de A Rede Social, sobre a qual já devem se debruçar roteiristas de Hollywood, há lições para o Brasil do cenário no qual se desenrolaram os dois depoimentos do CEO de uma das maiores empresas do mundo:

1- Os membros do Congresso americano são objetivos nas perguntas.

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Há alguma retórica, alguma referência a seu Estado de origem. Não há gritos. Não há campainhas. Não há dedo ao alto. Há uma calma!

Se você assiste à TV Senado e começa a ficar nervoso, assista à TV Senado dos EUA (que não existe). É um chá de camomila.

2- Não tem garçom, e isso é o mais importante!

Veja lá. Os vídeos estão no YouTube (concorrente do Facebook, diga-se). Não há xícaras, não há bandejas, não há serviçais. Senadores e deputados levam seu próprio café, em copos de papel. O mal do Brasil é a cultura do cafezinho de graça, quase escravocrata. Por que, em 2018, pessoas são pagas para carregar bandejas com água e café?

3- Há tempo cronometrado, não há apartes e nem questão de ordem!

(Imagine um mundo sem apartes e questões de ordem).

O senador perguntava, Zuckerberg respondia.

No segundo dia de depoimento, as perguntas (incluindo as respostas!) tinham quatro minutos. Não se podia pedir um minuto mais. E se o deputado quisesse (alguns quiseram), usava os quatro minutos para a retórica. E quem depunha não precisava responder.

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Dão a isso um nome: objetividade!

4- "Foi um erro meu"

Zuckerberg começou com uma declaração surpreendente para um presidente de uma grande empresa. Ao menos para quem, como nós, estamos acostumados a ouvi-la apenas depois da delação premiada:

– Não fizemos o suficiente. Foi um erro nosso. Foi um erro meu. Desculpem-me!

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