A foto do frio na Serra que ilustra esta página contrasta com uma semana quente no litoral, onde não faltou picolé.

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A coluna revelou desde segunda-feira uma investigação no Ministério Público em torno de indícios de irregularidades na concessão de alvarás para a venda de sorvetes nas praias de Florianópolis.

Foi mostrado que, no centro da suposta fraude, estava um servidor da Superintendência de Serviços Públicos (Susp), órgão da prefeitura.

O nome dele é Lindomar Fort, diretor municipal de Serviços Públicos e responsável pelo edital que distribuiria os alvarás.

Gravações e trocas de mensagens que constam do inquérito no MP mostram que Lindomar, durante o edital, tentou favorecer a empresa de um servidor da Comcap: Everton Arruda.

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Arruda também é conhecido como Batman. Batman trocou com um dos participantes do edital mensagens como esta, de 20 de setembro de 2017:

A mensagem de Batman foi recebida por Werley Brito, que denunciaria mais tarde a fraude. Até que o resultado do edital fosse publicado, o diretor Lindomar procurou Brito com insistência, a fim de que Batman pudesse fazer parte do processo.

— Por que um dos teus representantes não pode ser o Batman? — pergunta Lindomar a Brito em uma reunião, gravada pelo segundo.

Em outro momento, Lindomar envia um áudio por WhatsApp para Brito, em que diz:

— Olha só, tenho uma boa notícia pra ti. Não vou precisar cadastrar o Sul (da Ilha), tá? Eu faço aqui com o Batman, entendeu? Eu aumento aqui e o Batman se vira.

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Outros contrapontos

Everton Arruda: diz que não há irregularidade com a sua empresa.

Lindomar Fort: não quis se manifestar.

Epílogo

Batman venceu o edital, está de licença da Comcap e tem carrinhos de picolé nas praias de Florianópolis. Brito perdeu, entrou na Justiça e obteve liminar para dividir os alvarás que Batman ganhou. Lindomar segue à frente da diretoria de Serviços. O Ministério Público investiga e vai pedir novos esclarecimentos à prefeitura.

Contraponto

Em resposta ao que foi publicado durante a semana, a Susp enviou uma nota afirmando que não houve irregularidade no edital e que o denunciante, Werley Brito, não possuía autorização para concorrer (leia a nota aqui).

A nota também afirma que “a prefeitura já iniciou o processo para abertura de sindicância interna para apurar se houve alguma irregularidade entre o denunciante e o funcionário da Susp denunciado, já que, quanto ao processo de credenciamento, não há qualquer ilegalidade.”

Acompanhe toda a história:

Há algo estranho no milionário mercado de picolés nas praias de Florianópolis

Ministério Público investiga irregularidades nos alvarás para carrinhos de picolé em Florianópolis

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Alvarás para venda de picolés em Florianópolis: mais um capítulo