No fim de semana, a coluna revelou mais um capítulo na intrigante história da Fundação de Assistência Social (Fucas). Responsável pela construtora Brasc, contratada pela Fucas para investir em imóveis que jamais ficariam prontos, o empreiteiro gaúcho Thales Campelo diz em uma gravação que recorreria ao então deputado Carlos Marun, de quem diz ser amigo. Suas frases exatas, ditas a um credor, são:

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— Deixa eu te falar uma coisa só pra tu entender o nível de conversa. Nesse meio tempo eu tenho conversado direto com um deputado que é um dos braços direitos do governo atual. É o Carlos Marun. O Marun foi meu colega no Colégio Militar (de Porto Alegre), foi meu sócio na construtora. E eu botei o Ademir (Espinosa Freitas Gouvêa) junto com o Marun. E o Ademir está assumindo um fundo da Caixa Econômica de R$ 120 milhões, dos quais têm R$ 70 milhões de liquidez. E é tudo pras nossas obras!

Ontem à tarde, conversei com o ministro Carlos Marun por telefone:

Ministro, o senhor foi citado em um telefonema de Thales Campelo, dono de uma construtora aqui em Florianópolis, o senhor o conhece?

Conheço!

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Vocês foram colegas no Colégio Militar de Porto Alegre?

Sim, sim. Mas não acredito que eu tenha falado com ele, pelo menos depois que virei ministro.

Talvez tenha sido antes, ele o cita como deputado federal, no telefonema.

O que seria?

Vocês já foram sócios?

Não, não fui. Uma vez ele me trouxe, eu acho que eu era deputado, uma situação de investimento, mas nunca fui sócio dele. Eu o conheço do tempo em que eu tive uma construtora, ele até trabalhou para mim, isso faz uns 20 anos. Acredito até que, depois que virei ministro nunca mais falamos, e ele não está autorizado a dizer que da minha parte vai ter algum tipo de contribuição. Só se tiver, efetivamente, algum projeto de interesse do governo,  isso até pode ser possível.

O senhor tem conhecimento de um fundo na Caixa Econômica Federal para investimento em fundos imobiliários?

Não aconteceu. A Caixa não entrou no fundo. O problema não se resolveu. Eu nunca fui sócio dele. E, na verdade, isso aí é uma boquirrotice.

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