Por Ânderson Silva, interino
A reportagem publicada no final de semana no DC sobre os valores investidos e ainda previstos para a recuperação da Ponte Hercílio Luz traz um série de reflexões. Interditada parcial ou totalmente há 36 anos, a estrutura deixou de ser uma referência de monumento para tornar-se símbolo da má aplicação de recursos públicos. A demora nas obras e os contratos feitos e refeitos fizeram os catarinenses mudar sua visão sobre a Velha Senhora. Antes querida, passou a ser indesejada. Para boa parte da população, deveria ser derrubada.
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Apesar de os números da reportagem aparentemente reforçarem essa hipótese, é justamente o contrário que se busca. O correto não é desmontar um monumento histórico, responsável pela imagem de Santa Catarina no país e no mundo. O correto é exigir dos agentes públicos celeridade no cumprimento dos contratos, o investimento certo e o esclarecimento sobre o que foi aplicado e o que ainda será. Os números servem de base para a população cobrar dos responsáveis uma resposta.
Entre 2016 e 2017 a confiança havia voltado. A obra deu sinais de que andaria. Entidades passaram a apoiar a reforma, grupos visitavam o canteiro de obras constantemente, a imprensa era convidada quase que semanalmente para acompanhar novas etapas. A sensação era de continuidade. Mas o roteiro da Hercílio Luz é previsível, infelizmente.
Desde 1982, na primeira interdição da estrutura, já foram 13 governadores. Chegamos ao 14º e vivemos novamente uma incerteza sobre o futuro da reforma. Mais uma vez sem prazo, outra vez em um cenário parecido com o de outros anos. O problema é que enquanto houver desprezo por parte da população, maior ainda será o descaso dos agentes públicos. Sem cobrança, os R$ 618,9 milhões previstos podem ficar pequenos e a conclusão ainda mais distante.
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Futuro
Com um consenso entre prefeitura e governo do Estado para o uso exclusivo do transporte coletivo, agora se iniciam duas etapas importantes. A primeira é convencer os moradores da Capital de que a ponte não irá alterar totalmente o quadro diário da mobilidade urbana, mas sim fazer parte de um projeto que engloba ações de turismo e lazer. A segunda será a implantação de pequenas obras necessárias para permitir a circulação de ônibus nas cabceiras insular e continental. Para isso, é claro, vai precisar de dinheiro. E é justamente nisso que sempre mora o problema.