A XP Investimentos enviou, nesta quinta-feira, dia 27 de fevereiro, relatórios sobre diferentes aspectos da economia e de perspectivas de investimentos nestes tempos de Coronavírus. Diz o texto:

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– Na última semana de fevereiro, a esperança com a contenção do Coronavírus (COVID-19) na China deu lugar à preocupação com a disseminação do vírus em outros países, o que poderia levar a uma epidemia global. Durante o feriado do Carnaval no Brasil, as Bolsas de Valores no mundo sofreram fortes quedas, e um movimento de corrida a ativos seguros (“flight to safety”) se intensificou. Os mercados globais caíram entre 6% e 7% nos últimos dois dias, enquanto as ações de empresas brasileiras listadas nos EUA (ADRs) tiveram fortes baixas semelhantes. Após semanas de novos recordes nas Bolsas americanas, os ganhos começaram a deteriorar à medida que as cadeias de suprimentos globais se mostraram mais impactadas do que o inicialmente previsto e com o brusco crescimento dos casos confirmados fora da China, pressionando as bolsas globais.

Essas preocupações se elevaram no fim de semana depois que uma onda de casos foi relatada na Coréia do Sul, Irã e Itália, gerando paralisação de algumas atividades nos países, enquanto as autoridades tentam manter os recentes surtos sob controle. Além disso, o primeiro caso de Coronavírus foi confirmado no Brasil em um paciente de São Paulo que voltou de viagem recente à Itália.

A Organização Mundial da Saúde estima que a China registrou um total de 77.780 casos de Coronavírus, incluindo 2.666 mortes. O número de casos está crescendo de forma mais lenta na China, mas fora do país, existem hoje 2459 casos em mais de 28 países e já contabilizaram 34 mortes.

O rendimento do Tesouro dos EUA de 10 anos caiu para o seu menor nível da história, para 1.328%, enquanto investidores buscam proteção contra o impacto do vírus no crescimento econômico. Historicamente, investidores compram títulos do governo americano em períodos de aumento de elevação de risco, fazendo subir seus preços e diminuir os juros embutidos nesses títulos. A curva de juros americana também já precifica novos cortes de juros pelo FED (o Banco Central de lá) nas próximas reuniões, por conta do arrefecimento dos níveis de atividade após o surto do Coronavírus.

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Segundo o estrategista macro global da XP, Alberto Bernal, os governos no mundo devem agir para conter não apenas a propagação do vírus, mas também os severos impactos econômicos causados no primeiro trimestre. Bernal espera que tanto a Europa quanto a China aumentem o nível de estímulos à economia no curto prazo, e isso pode trazer alívios aos mercados quando forem anunciados.

De fato, desde o começo do mês, o governo chinês tem feito medidas de estímulo através de injeção de liquidez no sistema financeiro. Na quarta-feira (26) pela manhã, o governo de Hong Kong já anunciou um pacote de auxílio de quase US$ 1.300,00 para cada residente permanente que tiveram suas finanças impactas pelo vírus e pelos protestos que se alastraram por Hong Kong no final de 2019. O auxílio virá na forma de dinheiro vivo, totalizando quase US$ 10 bilhões de injeção de liquidez na economia local. Esse pode ser apenas o primeiro sinal de vários outros estímulos que virão em outros países.

Caso os impactos do surto se prolonguem no médio prazo, poderemos continuar vendo pressão nos preços de ações brasileiras ligadas à economia global, como empresas de commodities (Suzano, Vale), frigoríficos exportadores (JBS, Marfrig, BRF), companhias aéreas e de turismo (Gol, Azul, CVC), além de empresas domésticas de consumo que possam ter seus resultados deteriorados a depender do impacto para a economia brasileira.

Por outro lado, ações de empresas reguladas, como elétricas e saneamento, podem ser boas oportunidades, já que não são dependentes da economia e pagam dividendos robustos. Apesar das peculiaridades de cada setor, investir em uma carteira de empresas de qualidade e diversificada continua sendo a melhor estratégia no longo prazo.

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