Governança corporativa será um dos principais assuntos tratados na ExpoGestão deste ano. Painel, na quarta-feira, vai abordar alta performance e longevidade das organizações. O evento começa terça-feira. “Ética” será tema da palestra do consultor, professor e fundador do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Lélio Lauretti. Ele também criou o prêmio Abrasca de melhor relatório anual. A seguir, a coluna mostra um pouco do pensamento dele. 

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O senhor chega os 91 anos de idade dando lições à muita gente. O que é ética e qual sua importância?

Precisamos definir bem o conceito de ética. Ter comportamento ético não é apenas o oposto a cometer fraudes, praticar corrupção. É fator bem mais amplo, civilizatório mesmo. Não deve ser misturado a questões policiais, nem ser reduzido a questionamentos feitos pelo Ministério Público.

Como percebe as transformações
vividas pela sociedade ao
longo de tantos anos?

No século passado, a economia dominou a cena. Tivemos eventos dramáticos, como emigração forçada, expurgos, guerras. O século 20 foi marcado por desestruturações e desigualdades imensas entre os países e entre classes sociais.

E hoje?

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O conceito de ética se vincula à consciência moral dos seres humanos. A tendência é a ética forjar o bem comum, o bem coletivo.

O senhor é um otimista?

Não significa que sou otimista. Já vivi bastante para compreender as transformações sociais. Os jovens já manifestam esses desejos de uma vida mais fraterna; valorizam aspectos saudáveis. Temos a crença de que, por maiores que sejam os problemas que hoje afligem as pessoas, as soluções estão disponíveis e dependem da decisão e do empenho das pessoas de bem, de empresas conscientes de sua importância na sociedade moderna, e de governos com legítima representatividade.

As pessoas estão vivendo mais. Que impacto isso terá na evolução das sociedades?

A longevidade será normal, fato com o qual os agentes econômicos e políticos têm de se preocupar para encaminhar soluções para situações que vão ser cada vez mais frequentes.

Que papel tem as empresas no contexto de uma sociedade complexa, como a nossa?

O papel das corporações só se fortalece. São as maiores empregadoras e são os grandes investidores em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Não dá para admitir conluio entre empresas e governos. Especialmente em um mundo com tanta informação transitando rapidamente.

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A transparência é essencial?

Hoje há transparência quase total, com as redes sociais. E tudo o que foge às boas práticas é matéria de noticiário nos jornais. Surgiu uma sociedade para a qual os desequilíbrios se tornaram insustentáveis.

Haverá um deslocamento de centro geopolítico de influência de poder?

Acredito nisso. Olhemos para três direções: o continente africano soma 1 bilhão de pessoas. Só a Índia tem 1 bilhão de habitantes.