O presidente da Associação Empresarial de São Bento do Sul, Ismar Roberto Becker, traçou panorama econômico e, recém-empossado no posto, mostra o que pensa e detalha prioridades, em entrevista exclusiva à coluna.
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Como o senhor enxerga a economia do município de São Bento do Sul?
Ismar Roberto Becker – Há dez anos São Bento do Sul passou por uma crise enorme, em especial o setor moveleiro, à época dominante na formação da riqueza do município. Desde então houve significativa diversificação da matriz econômica. Atualmente, o setor moveleiro representa menos de 30% do PIB local.
Há 13 milhões de desempregados no país. O desemprego é problema?
Becker – Não, o desemprego não é preocupação atual. Ou, se é, é residual, pequena. Hoje a economia de São Bento se distribui bem entre segmentos metalmecânico, moveleiro, têxtil, de tecnologia.
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Estes primeiros meses do ano foram bons para os negócios?
Becker – De fevereiro a abril houve uma crescente de negócios, sim. Em maio aconteceu quase que uma paralisia, e em junho ressurge a retomada.
Qual deve ser a estratégia para São Bento crescer mais?
Becker – Há duas correntes entre as lideranças no município. Uma prega atração de grandes empresas; outra o incremento de pequenos e médios negócios focados em tecnologia e nível de salários maior. Estou nesta última vertente. Até porque São Bento não possui áreas disponíveis para empreendimentos gigantes.
Recentemente, foram definidas áreas macro de interesse, nas quais a cidade deve investir com prioridade…
Becker – São as áreas do eixo industrial, o segmento de comércio e serviços, tecnologia, saúde, e educação como vetores desenvolvimentistas. Logística não é nosso problema. Estamos perto de dois aeroportos – Curitiba e Joinville -, próximos a portos.
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Qual é o olhar da Acisbs para o campo do turismo?
Becker – Em 7 de junho, foi apresentado o plano de turismo regional integrado. Envolve o trade dos municípios de São Bento do Sul, Rio Negrinho, Campo Alegre e Corupá. Foram traçadas linhas gerais. Agora é preciso ir aos detalhes.
São Bento do Sul ainda não tem lei de inovação. O que acontece?
Becker – Havia a compreensão de que era melhor esperar legislação estadual para, depois, serem feitas as regras locais. Por isso, o projeto parou. Agora, entendemos que o município tem de ter sua lei própria, independente do texto de lei estadual – que também não saiu ainda.
As incubadoras são instrumento de crescimento?
Becker – Sim. A Fetep tem 34 empresas incubadas e sete saindo da incubação. Queremos redirecionar os objetivos da Fetep. Há tempos, era muito voltada ao setor moveleiro. Incubadoras dão retorno rápido e criam empregos.
Universidades têm que papel neste contexto?
Becker – Temos IFSC, Univille, UniSociesc, Udesc e Senai, entre outros. Representam um significativo núcleo pensante para a cidade. É preciso somar forças.
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E a estrada da serra Dona Francisca? Continua sendo um desafio?
Becker – Sim, a estrada tem grandes problemas (muitos buracos, por exemplo) e o governo deve olhar para eles. Defendo o modelo de parceria-público privada para a gestão da estrada. O governador tem dito que é favorável às PPPs.
Num cenário de baixo crescimento, como vê a economia brasileira?
Becker – O crescimento virá à medida em que forem aprovadas as reformas da Previdência e tributária. Para este ano, nada acontecerá na economia. O ano está perdido. Para 2020 vejo crescimento potencial de 2% e, se tudo der certo, em 2021 o Brasil poderá crescer 4%.
Há empresas locais fazendo investimentos relevantes?
Becker – A exemplo de tantas outras Brasil afora, empresas de São Bento do Sul aguardam maior clareza do panorama macroeconômico. Oxford tem plano de expansão na sua unidade no Espírito Santo; a Buddemeyer também espera sinais aclararem.
