O cônsul-geral da Coreia no Brasil, Hak You Kim, visitou Santa Catarina nesta semana. Esteve em Joinville, Garuva e Araquari. Conheceu as  empresas Yudo, LS Mtron e Hyosung, respectivamente. Em entrevista à coluna, disse que, em 2019, vai procurar o governador eleito de Santa Catarina, Carlos Moisés, para estimular negócios coreanos no Estado. O diplomata 
fez forte defesa do processo de pacificação na península coreana. 

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O que o traz a Joinville?


Hak You Kim: Vim visitar empresas coreanas na região. Fui à LS Mtron, fabricante de tratores, em Garuva; à Yudo, em Joinville; e à Hyosung, em Araquari. Vi na LS que a companhia está em expansão, com intenção de aumentar seus negócios até de exportação para clientes do Mercosul. Um dos problemas é que a empresa precisa comprar insumos no exterior – e, com o câmbio alto, isso não fica competitivo. 


Há interesse em aumentar a presença de empresas coreanas no Estado de Santa Catarina? 


Kim: Santa Catarina tem muito potencial pela sua localização, e pela sua logística, tem cinco portos. Mas o Estado precisa oferecer uma política mais agressiva de benefícios para atrair empresas. Há alguns anos, a Hyundai, por exemplo, optou por instalar fábrica de automóveis em Piracicaba, no interior paulista, principalmente por causa de benefícios que foram dados lá. Com a instalação da fábrica, toda a região em volta se desenvolve.

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Temos novos governador e presidente eleitos. Pretende visitá-los? 


Kim: No próximo ano desejo voltar para Santa Catarina e marcar reunião com o novo governo para estimular a vinda de empresas da Coreia para o Estado. A Coreia do Sul tem importantes empresas de tecnologia de informação, de setores como biotecnologia, química, biologia, que podem agregar ao perfil econômico de Santa Catarina. Indústrias coreanas podem investir mais no Brasil? Kim – É possível, sim. O que preocupa é o câmbio, a instabilidade da taxa de câmbio. No novo governo, de Jair Bolsonaro, espera-se maior estabilidade econômica.


As duas Coreias estão se aproximando diplomaticamente. Como enxerga este novo momento? 


Kim: Há um movimento importante rumo à paz. O processo de desnuclearização da Coreia do Norte é fundamental nisso. A abertura da economia nortecoreana é importante porque enquanto houver sanções econômicas à Coreia do Norte, não há possibilidade de crescimento econômico por lá. Para a Coreia do Sul, um acordo permitiria reduzir o custo de abastecimento de gás natural de maneira significativa. A região é globalmente estratégica: é perto da China, da Rússia, do Japão. A abertura da economia e a normalização dos fluxos comerciais elevaria o PIB dos dois países.


Se conseguir um acordo entre os dois países, que impacto isso traria  para a economia? 


Kim: Claro que o impacto seria extraordinário. A Coreia do Norte poderia crescer 10% ao ano, durante dez anos. E a Coreia do Sul mais 5% ao ano. Também há a questão da mão-de-obra. Na Coreia do Norte custa um décimo do que custa na Coreia do Sul. As empresas da Coreia teriam menos custos com pessoal e, do outro lado, haveria mais desenvolvimento.


O Brasil pode ajudar na direção do encaminhamento da paz? 


Kim: A comunidade internacional precisa apoiar esse processo de paz. O presidente da Coreia foi à Itália, recentemente, pedindo apoio. Neste ano já aconteceram três encontros entre os presidentes das duas Coreias. Gostaríamos que o Brasil tivesse um papel mais efetivo pela aceleração do processo de paz. Trump, dos Estados Unidos, não tem pressa. A Coreia quer resolver logo a tensão na região. Transformar o estado de armistício de guerra, assinado em 1953, em declaração de paz.

Diagnóstico do setor moveleiro

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O Sebrae Norte de Santa Catarina fez levantamento de oportunidades de negócios e mostra que a fabricação de móveis continua a ter papel importante na economia de São Bento do Sul. O setor contribui com 17,4% do valor adicionado fiscal – dados de 2015. São 267 empresas do segmento – 13 delas são de médio porte.

Ao todo geram 4.936 empregos. Nos últimos anos, a queda nas exportações atingiu diretamente as empresas. Os números revelam que até 2010 Santa Catarina participava com 50% da exportação de móveis brasileiros. Em 2011, esse percentual caiu para 26,6%.

O impacto foi sentido diretamente em São Bento do Sul, maior exportadora do Estado. Em contrapartida, as importações brasileiras de móveis cresceram consideravelmente, o que, segundo o documento, mostra a necessidade de melhorar a competitividade das empresas de móveis da cidade. Para isso, o adensamento da cadeia produtiva.

Investimentos em tecnologia e inovação são apontados como estratégicos. Entre as oportunidades de negócio identificadas pelo levantamento estão a fabricação de tintas e vernizes, fabricação de componentes (pistões, dobradiças, produção de perfis de alumínio (pés para móveis, ponteiras, trilhos); e fabricação de máquinas e equipamentos, instalação de empresas de base tecnológica com soluções inovadoras para móveis.

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