O anúncio do fechamento das fábricas da Ford no Brasil tem impacto mínimo sobre os negócios em Santa Catarina. A indústria de autopeças catarinense não é afetada porque os sistemistas que atendiam a unidade de Camaçari, na Bahia, se localizam naquela região do Nordeste. A análise é do diretor do Sindicato das Indústrias de Autopeças (Sindipeças – SC), Hugo Ferreira.

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A Ford já vinha perdendo mercado no país e operava com alta ociosidade, completa a liderança. Alto custo de produção, tributação elevada e a necessidade de fortes investimentos em novas tecnologias, com a chegada dos veículos híbridos e elétricos, foram os motivos principais para a Ford desistir do Brasil.

> O impacto em SC com o fechamento da Ford no Brasil

A indústria automobilística, indutora da industrialização e da expansão econômica na segunda metade do século passado, historicamente viveu de subsídios e vantagens fiscais no Brasil. E, por ser o modal de transporte absolutamente dominante, o setor tem um lobby poderoso junto aos Poderes. Daí, a saída de um player do tamanho da Ford, há décadas atuando no país, chama a atenção.

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O fato precisa ser considerado como um elemento a mais no debate sobre a importância da reforma tributária. Um tema que está na pauta há anos, mas que até agora não emplacou no Congresso de maneira efetiva. Interesses contraditórios, tanto setorialmente (indústria x serviços), como disputas entre Estados (mais ou menos industrializados) impediram o avanço da questão, cada vez mais crucial para o desenvolvimento econômico.

Uma decisão de tamanha relevância — o fim das operações de uma gigante como a Ford, — não se toma de um dia pra noite. Acontece depois de muitas análises de inúmeras variáveis. Tudo, ao fim, se resumindo à capacidade de se manter, ou não, competitivo — e com lucratividade — no médio e longo prazos. A Ford enxergou que não.

Mercado de autopeças está reagindo

Diferente é a situação das autopeças, que está em processo de recuperação. O mercado está reagindo, especialmente no segmento de veículos comerciais, e já se observa importante retomada de negócios, analisa Ferreira.

Neste começo de ano já se nota falta de profissionais especializados, de técnicos qualificados em algumas áreas, constata o Sindipeças. Para 2021 o Sindipeças espera crescimento de 15% no faturamento, comparativamente ao ano anterior. Em Santa Catarina há 26 empresas associadas ao sindicato, e mais quatro, que são filiais de companhias paulistas, mas também com negócios no Estado.

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Em 2020, a produção de automóveis caiu 26% no país, em comparação com o ano anterior, com pouco mais de 2 milhões de unidades para uma capacidade de produção total superior a 5 milhões/ano. No pico, as montadoras venderam 3,5 milhões de unidades/ano.