O analista de política da XP Investimentos, Richard Back, fez, no dia 7 de maio, palestra em Jaraguá do Sul, a convite da Patrimono Investimentos. Nesta entrevista, o resumo do que pensa:

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As eleições vão permitir renovação no Congresso?

Richard Back – A renovação no Congresso será bem pequena depois das eleições. E nem para presidente há novidades significativas. A única novidade possível seria Joaquim Barbosa, que tem imagem positiva muito forte. Jair Bolsonaro tem 30 anos de política; Alckmin e Ciro Gomes idem. O PT também. 

(Joaquim Barbosa disse, na terça-feira, dia 8 de maio, que não será candidato a presidente).

O Alckmin é o nome preferido do empresariado. Mas, decola?

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Richard – O calendário eleitoral está sem graça, tanto à direita quanto à esquerda. Alckmin não produz fato novo para subir nas pesquisas agora. Sequer é um bom frasista. Até agosto – quando, de fato, começará a campanha eleitoral – é possível que ganhe pontos.

Um percentual de 18% a 20% leva o candidato ao segundo turno?

Richard – Possivelmente. Alckmin, se fizer de 8 milhões a 10 milhões de votos só no Estado de São Paulo, pode chegar lá. Ou, ainda, o próprio PT, se conseguir 10 milhões de votos na região Nordeste, onde há 30 milhões de votos em jogo.

E Bolsonaro, como fica nisso tudo?

Richard – Está claro que o voto em Lula não se transfere para Bolsonaro, como se imaginava há pouco tempo. Diante dessa convicção, e por isso mesmo, Bolsonaro não tem como subir mais muito. Surgiu e cresceu no rastro de um trabalho bem-feito nas redes sociais. Agora, começamos a ver o real tamanho dele.

A campanha política não interessa a ninguém…

Richard – Verdade. Logo teremos festas juninas no Nordeste e também a Copa do Mundo. Aí tudo paralisa. A sociedade só vai se interessar pelos candidatos em setembro. Eleição é tema que hoje só interessa aos partidos e aos comentaristas de política.

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No que o povo está interessado?

Richard – O povo está interessado em ver, nas redes sociais, o que acontece com os famosos.

O senhor fala a empresários de diferentes regiões, inclusive no exterior. O que ouve nestas conversas?

Richard – Os clientes da XP Investimentos nos Estados Unidos olham o Brasil com muito interesse. Mas investimentos grandes, produtivos, vão vir se houver certeza de que reformas serão feitas pelo próximo governo.

O senhor acredita que as reformas (da Previdência, tributária) vão mesmo acontecer?

Richard – Temos confiança em 2019. As reformas serão feitas pelo próximo presidente por pura sobrevivência. Não é o Congresso que poderá destruir o governo; o Congresso sempre acomoda as situações. É a economia que poderá “matar” o próximo presidente. Então, haverá, sim, uma correção. O que não se sabe é o grau e a profundidade das reformas. Pequena, grande; pior ou melhor, mas haverá.

O senhor tem currículo baseado em atividades junto ao Congresso, dentro dele. Entende que os parlamentares estão aptos a agir com a rapidez que o mercado e os empresários exigem nestas questões das aprovações das reformas?

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Richard – Brasília nunca entrega tudo o que se deseja; e nem no prazo mais razoável.

As redes sociais serão decisivas na captação de votos e na definição de candidaturas vitoriosas?

Richard – Discordo. Há um Brasil profundo, do interior do país, onde milhões e milhões não se comunicam via Facebook e outras redes. As redes sociais não vão eleger o presidente. Vão, sim, facilitar a circulação da imagem dos candidatos.

Então, o que será decisivo?

Richard – Olhamos com muita atenção para dois fatores: 1. Campanha na televisão, o tempo de cada candidato, e como vai usá-lo; 2. O dinheiro disponível para fazer as campanhas. É nos últimos 15 dias que se joga com a força bruta.

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